Mês das Mulheres: 12 executivas compartilham desafios enfrentados no mercado de trabalho

Apesar dos avanços, ainda existem barreiras persistentes que limitam a visibilidade e desenvolvimento profissional delas, além das desigualdades salariais e questões culturais e estruturais

 

Nos últimos anos, o ingresso e a ascensão das mulheres no mercado de trabalho têm sido notáveis, refletindo avanços significativos na igualdade de gênero. No entanto, apesar dos progressos, elas ainda enfrentam uma série de desafios persistentes que limitam o desenvolvimento e a visibilidade de seu potencial profissional. Desde desigualdades salariais até barreiras culturais e estruturais, as mulheres continuam lutando por oportunidades e reconhecimento em diversos setores e em diferentes níveis hierárquicos. Além disso, a questão da maternidade também se destaca como um desafio. Após a chegada dos filhos, muitas vezes elas enfrentam dificuldades para conciliar a vida profissional com as responsabilidades familiares e avançar na carreira. 

Neste cenário de avanço e mudança, explorar os obstáculos enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho não apenas traz uma nova perspectiva sobre as questões de gênero, mas também reforça a obrigatoriedade de medidas que promovam uma verdadeira igualdade de oportunidades e um ambiente profissional inclusivo para todos.

No mês de celebração do Dia Internacional da Mulher (8 de março), líderes femininas dos mais variados setores compartilharam perspectivas e contratempos enfrentados ao longo de suas carreiras. Confira abaixo:Christiana Cardoso Martins, Head de Comunicação Bitso Brasil “O desafio das mulheres começa antes de entrar no mercado de trabalho. O Brasil hoje vive um cenário contraditório, onde as mulheres apresentam uma escolaridade maior que os homens, no entanto ainda são minoria no mercado de trabalho. O grande desafio vem da carga de tarefas e responsabilidades que a mulher lida durante toda essa trajetória, que exige tempo para cuidar de filhos e de outros familiares como pais e avós, além de administrar a rotina da família, incluindo tarefas domésticas, escolares, médicas etc.

Quando me tornei mãe, apesar de, naturalmente, aumentar a carga de responsabilidade tanto física quanto emocional, senti um ganho enorme na minha capacidade de priorizar, administrar meu tempo, delegar tarefas. E me tornei uma pessoa ainda mais focada, prática e resiliente para poder conciliar os compromissos profissionais e as demandas das crianças que, muitas vezes, são imprevisíveis e inadiáveis.

O caminho é longo e não é fácil, mas as conquistas diárias são gratificantes e mostram que tudo vale a pena. Acho que acreditar no nosso potencial e criar uma rede de apoio para nos ajudar, tanto na vida pessoal, quanto profissional, são pontos essenciais para evoluirmos em nossa carreira e nos sentirmos realizadas, felizes e bem-sucedidas”.Talita Salles, Diretora de Marketing e Vendas da Biologix“Acredito que o grande desafio da mulher moderna e independente é “equilibrar os pratos” da vida, ou seja, lidar com tantas funções ao mesmo tempo. Quando me tornei mãe, descobri uma nova dimensão de desafios. Conciliar a maternidade com a carreira é uma jornada complexa. Enquanto me esforço para manter o mesmo nível de excelência no trabalho, enfrento constantes dilemas sobre dedicar tempo suficiente à minha família. Em alguns momentos da minha vida, tive que escolher qual lado me dedicaria mais. Acredito e apoio muito a importância de termos ambientes de trabalho mais flexíveis e comunicação aberta para que as mulheres que se tornam mães possam equilibrar, de forma saudável, a maternidade com a vida profissional”.Sulamita Theodoro, Gerente de Projetos da Oxygea“Como mulher negra, meu maior desafio é romper, diariamente, com os estereótipos que existem a respeito das posições que mulheres e pessoas negras ocupam em nossa sociedade e não adoecer em busca de aceitação ou de padrões que não me serviriam. Comecei a trabalhar aos 15 anos e, durante toda a minha carreira, percebi que raramente haviam outras mulheres negras no ambiente de trabalho para que eu pudesse me espelhar. Ao longo dos anos, convivi com o desafio de transitar em ambientes profissionais nos quais, muitas vezes, existe uma predominância masculina e de pessoas brancas, com acesso e privilégios que eu nem cheguei a sonhar e, diante disso, precisei ousar para garantir que eu pudesse ser respeitada e ouvida pela capacidade de entrega e qualidade de execução do meu trabalho. O meu desafio é conseguir manter a leveza, como se eu não percebesse todos os desafios que enfrentei. É ser capaz de me curar e me salvar, muitas vezes sozinha e algumas vezes pelo apoio de outras mulheres que caminham ao meu lado. Porque nós, mulheres, fazemos isso muito bem”.Michelle Dorigon, CFO da Klavi“Trabalhar num setor mais masculino, como o de finanças, teve seus momentos desafiadores. Em outras empresas que trabalhei, com mais de 5 mil colaboradores, notei que não havia mulheres em cargos de diretoria. Eu, mesmo sendo responsável pelos números importantes, raramente participava das grandes reuniões. Com o tempo, entendi que precisava buscar novos horizontes para continuar evoluindo na minha carreira. Hoje entendo e vejo o papel das mulheres na liderança do setor financeiro como algo muito positivo e em crescimento. É inspirador ver mais mulheres alcançando posições de liderança, trazendo consigo novas ideias e perspectivas. Essa diversidade nas abordagens é fundamental e isso nos levará mais longe”.Karine Silveira, CPO da people tech Impulso‘Na Impulso, criamos o serviço de Diversidade Impulsionada, pois percebi que mesmo sendo uma mulher que já foi silenciada no ambiente de trabalho, ainda sou, extremamente, privilegiada. Nunca terei como saber o que, realmente, sentem as pessoas de grupos minorizados e que passam por situações muito piores do que as que eu passei. Então, como mulher, mãe e empresária, utilizei meu poder de influência e decisão na empresa que ajudei a criar (e que tanto amo), para tomarmos uma atitude concreta. Uma ação real com o que sabemos fazer de melhor: unir o humano e o tech para criar relações genuínas que ultrapassem barreiras. Além disso, por meio da diversidade, temos não só a oportunidade, mas, também, o potencial de gerar uma mudança para melhor na sociedade ao nosso redor, e, talvez, servir de inspiração para outras empresas, mesmo que só um pouquinho”.Karina Rehavia, CEO da Ollo“Como mulher empreendedora e a frente de negócios, percebo as barreiras adicionais que as mulheres enfrentam no mundo empresarial. Lidei com preconceitos e estereótipos, muitas vezes subestimando minhas habilidades e visão empreendedora. No entanto, cada obstáculo superado só fortaleceu minha determinação e resiliência. Acredito firmemente que a diversidade de gênero é fundamental para a inovação e o sucesso empresarial, e estou comprometida em ajudar a abrir caminho para que outras mulheres empreendedoras também possam alcançar seus objetivos e ter seu potencial plenamente reconhecido. Juntas, podemos superar qualquer desafio com coragem e determinação e criar um futuro mais inclusivo e igualitário no mundo dos negócios”.Priscilla Jacovani, cofundadora e CEO da Imox.ai“Ser uma mulher em um campo predominantemente masculino, como o da tecnologia, significou enfrentar desafios e superar contratempos. No entanto, isso só reforçou minha paixão e determinação. Neste setor tradicionalmente dominado por homens, cada passo adiante representa uma quebra de barreiras e um estabelecimento de novos padrões para inclusão e diversidade. Encontrei resistência e estereótipos, mas também aliados e momentos de profundo aprendizado. A chave para superar os obstáculos foi a resiliência e a convicção de que a inovação se beneficia imensamente da diversidade de pensamentos e experiências.No Dia Internacional da Mulher, reflito sobre nossa jornada coletiva e celebro o progresso, enquanto reconheço o caminho ainda a ser percorrida para alcançarmos a igualdade de oportunidades para todas”.Giovanna Rossi – CPO da Rethink“Quando comecei a trabalhar, pouco se falava sobre essa questão do espaço da mulher no mercado. A importância disso para as companhias e o desenvolvimento das pessoas, dos produtos e das ideias também não era discutido. Por isso, atuar em um ambiente majoritariamente masculino ainda muito nova, sem experiência e tendo que mostrar o tempo todo que estava ali pela minha capacidade intelectual, de entrega e execução, fez com que eu precisasse fortalecer o meu autoconhecimento e entender que eu era protagonista da minha carreira, que não poderia parar diante dos desafios que apareciam na minha frente. Além de muita perseverança e resiliência, que me ajudaram a crescer profissionalmente, o que contribuiu muito para o meu desenvolvimento foram os excelentes líderes dos lugares por onde passei, deixando clara a importância da atuação da liderança na conscientização e construção de ambientes mais igualitários, humanos, inovadores, que valorizam a diversidade das ideias, dos pontos de vista e da resolução de problemas de maneiras diferentes”. 

 

Marina Neumann, Diretora da área de Alianças e Parcerias da SysMap “Com mais de 30 anos de experiência na área de tecnologia, vivenciei a evolução, ainda que a passos lentos, no que diz respeito à atuação das mulheres nesse setor, principalmente em lideranças. A licença-maternidade, por exemplo, é uma grande conquista do nosso tempo, apesar de necessitar de ajustes em relação à flexibilidade e obrigatoriedade. A divisão das tarefas com os filhos segue sendo um dos principais desafios já que, em muitos dos casos, a maior parte delas continua a cargo das mulheres. Aqui, na SysMap, além de termos 40% dos cargos de líderes ocupados por mulheres, contamos com iniciativas focadas no público feminino, como um bootcamp imersivo de QA que já fizemos só com a participação de mulheres, projetos de desenvolvimento de skills de liderança e outras ações com o objetivo de dar mais espaço e oportunidades a elas. Vejo que, às jovens de hoje, há perspectivas bastante positivas, com diversas referências de mulheres executivas ocupando cargos C-level atualmente e isso é bastante animador”.

 

Alexandra Avelar – Country Manager da ProfitlogiQ“Ser desligada após a licença maternidade foi um marco em minha carreira. Eu acreditava em devoção ao trabalho, mergulhava fundo demais e me distanciava de mim mesma. Alcançava excelentes resultados, mas a um custo altíssimo e nem percebia. Isso me levou a repensar escolhas e conceitos, passando a compreender melhor o universo feminino e o impacto do sexismo. O meu retorno ao mercado veio a partir do convite de uma empresa internacional que falou que fazia questão que fosse eu a ocupar o cargo, e ao saber da fase da maternidade que estava vivenciando, flexibilizou a necessidade de viagens para um momento em que eu me sentisse mais confortável em relação ao desmame do meu filho. Enquanto o mercado ganha cada vez mais presença feminina, criando oportunidades para uma nova geração, as lideranças precisam agir em suas organizações investindo em conscientização, já que oferecer espaço e equilíbrio para essas profissionais só potencializa os resultados. Embora a jornada seja longa, o talento e potencial começam a ser mais importantes que o gênero, uma vez que o mercado só tem a ganhar com a valorização da mulher”. 

Isadora Rebouças, fundadora e CEO da Citas“Trabalho em um setor extremamente dominado por homens: o mercado financeiro. O que percebi é que, às vezes, precisamos fazer escolhas. Tenho um perfil e trabalho de uma forma que acredito ser correta e alinhada aos meus valores pessoais. Não me tornaria uma profissional melhor nem mais competente se agisse no dia a dia de acordo com as expectativas desse setor, ou seja, de forma mais masculinizada. Pelo contrário, consigo oferecer um contraponto importante, de valor, exatamente por ter um perfil diferente. No entanto, dentro de uma instituição maior, onde se espera um certo tipo de comportamento, é mais difícil se destacar sem adotar uma postura mais assertiva, mais agressiva e assim por diante. Para mim, a solução foi abrir minha própria empresa. Continuo alinhada com meus valores e continuo sendo respeitada no meu meio, mas aos poucos estou conseguindo criar uma cultura diferente. Como resultado, hoje, mais de 50% dos cargos de liderança na minha empresa são ocupados por mulheres – uma contraposição à tendência do setor”.

Isabela Rodrigues, Gerente de Recursos Humanos da Transfero“Durante a minha trajetória atuei em empresas fintechs, de consultoria e outras do setor financeiro, e dentro delas passei por diversos situações em que pessoas me colocaram como uma profissional menos qualificada por ser uma mulher, mas em todas eu tentei encarar como um desafio de mudar a opinião delas e acredito que, na maioria das vezes ,consegui reverter. As mulheres precisam acreditar no seu potencial e precisam também se posicionar de acordo com o que acreditam e com o que são. Vejo muitas mulheres incríveis que se apagam por situações de comparação entre um homem e uma mulher. Hoje, essa seria a minha dica para as mulheres que estão no mercado de trabalho: “Acreditem no seu potencial e se posicionem como mulheres empoderadas”.


Executiva de atendimento – NR7 Full Cycle Agency

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