E segue a investigação para identificar o homem que jogou um líquido corrosivo em cinco pessoas, na Zona Sul de Porto Alegre, na semana passada. De acordo com o delegado Fernando Soares, das quatro vítimas, apenas uma delas diz ter visto duas pessoas no carro.
“É um cidadão magro, em torno de 25 anos, branco. Em uma das ocorrências, a vítima afirma de forma categórica que eram duas pessoas. Um motorista e quem atingiu foi o passageiro. Pode ser uma escolha aleatória com vítimas que estejam andando sozinhas, em locais ermos, onde não tenha nenhuma testemunha.”
A policia descartou uma ligação entre as vítimas. “Também chegamos à conclusão de que nenhuma das vítimas mantém vínculo entre elas. Ninguém conhece ninguém. Seja de relacionamento pessoal, particular, individual. Não existe esse relacionamento”.
Os ataques começaram na quarta-feira à noite, 19 de junho, na Rua Santa Flora, no bairro Nonoai. Um homem de bicicleta jogou o líquido no rosto da primeira vítima, às 23h10. Na sexta-feira, 21 de junho, em menos de uma hora foram quatro ataques de carro. Dois no bairro Aberta dos Morros. E outros dois, no local do primeiro ataque.
A polícia trabalha para identificar a placa de um carro branco que aparece nas imagens de uma câmera de segurança, a única encontrada até agora. Algumas vítimas disseram à polícia que o veículo é um HB20. As imagens registraram o momento que mulher caminha, do outro lado da rua. É Gladis Nievinski, atingida na sexta-feira, 21 de junho. A vítima confirma que é ela na gravação. O ataque, que aconteceu momentos depois, não foi registrado pela câmera. “Ele andou com o carro e foi para o meu lado na rua”, conta.
O delegado diz que as câmeras dos locais próximos aos ataques não têm dados arquivados, são apenas de imagens instantâneas. O próximo passo da polícia será listar as prováveis rotas que o suspeito teria feito para verificar, em imagens do cercamento eletrônico de Porto Alegre, a placa do veículo.
As cinco vítimas dos ataques, quatro mulheres e um jovem de 17 anos, já prestaram depoimento na delegacia. Duas delas foram ouvidas novamente, nesta segunda-feira, 24 de junho, para dar mais detalhes sobre o suspeito. Os casos são investigados pela 13ª Delegacia de Polícia Civil, na Zona Sul.
De acordo com o delegado, também foram enviados, na segunda, as roupas das vítimas para perícia. A intenção é descobrir que tipo de substância foi utilizada nos ataques. “Tenho certeza que face a prioridade, face a gravidade do fato, que extrapola a simples lesão corporal, de uma lesão corporal gravíssima, porque nós teremos exames complementares, poderão ter sequelas irreversíveis. Em virtude da forma cruel como aconteceu, sem chance de defesa para a vitima, quem sabe poderemos enquadrar em outro tipo penal voltado para tortura, alguma coisa nesse sentido”, explicou o delegado.
Bruna Machado Maia, 27 anos, foi atacada na noite de quarta-feira, 19 de junho, quando caminhava perto de casa, no bairro Nonoai. Ela teve o rosto e parte do braço queimados. “Quando eu olhei meu casaco eu me desesperei, já achei que tinha caído meu rosto, já tinha me queimado, feito buraco”, lembra.
Num primeiro momento, a mulher pensou que estava sendo assaltada. “Esperou eu passar para se aproximar. Ele estava de bicicleta preta. Ele era bem branco, magro, sem barba, sem bigode, sem nada. Não vi cabelo por causa do capuz. Ele estava com um moletom todo branco, calça escura e sapato escuro. Ele falou ‘olha a água’. No reflexo, eu botei a mão e consegui proteger só meu olho, mas no rosto em si, pegou”.
Somente na manhã de sexta-feira, 21 de junho, três mulheres e um jovem procuraram a polícia. Entre elas, Tássia Steinmetz, 33 anos, atacada por volta das 7h20. À repotagem do G1, ela disse que não conseguiu ver o rosto do homem que jogou o líquido. “Estava indo me exercitar e estava com fones de ouvido. Acho que ele me atacou pelas costas, então não vi nada. Na hora não entendi o que aconteceu. Fiquei com muita dor e desnorteada”, relata.
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