Com as galerias lotadas de servidores estaduais, a Assembleia Legislativa aprovou, na noite desta quarta-feira (18), o primeiro projeto do Executivo que integra o pacote de reformas do Estado e que altera o regime próprio de previdência social dos servidores civis. Também foi retirado o regime de urgência dos demais projetos do pacote, destrancando a pauta de votações. Outras 21 matérias também foram aprovadas. Por acordo de líderes, foram canceladas as sessões ordinária e extraordinária que seriam realizadas nesta quinta-feira.
A matéria que gerou debates foi o PLC 503 2019, o primeiro do pacote de reformas do Estado enviado pelo governador Eduardo Leite. Trancando a pauta de votações, a matéria não pôde ser deliberada na sessão de terça-feira (17) porque a Casa recebeu notificação judicial, antes do começo da Ordem do Dia, deferindo pedido liminar impetrado pela deputada Luciana Genro (PSOL) para sustar a tramitação do PLC 503 2019 e PLC 505 2019, que tratam do Regime Próprio da Previdência Social do Estado. O desembargador Rui Portanova acatou argumento de que seria inconstitucional votar o projeto antes da apreciação da PEC 285 2019, cuja votação está prevista para acontecer no final de janeiro.
Na manhã de quarta, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, acolheu os argumentos da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e suspendeu a liminar que impedia a tramitação dos dois projetos. A decisão foi lida em plenário antes do início da Ordem do Dia.
Previdência Social
O primeiro e único projeto do pacote do governo Eduardo Leite apreciado hoje foi aprovado já no começo da noite, após uma tarde de debates em plenário. O PLC 503 2019, que altera o regime da previdência estadual para os servidores civis, recebeu 38 votos favoráveis e 15 contrários. A matéria altera as Leis Complementares que dispõem sobre o Regime Próprio de Previdência Social do Estado do Rio Grande do Sul e institui o Fundo Previdenciário (Fundoprev) e sobre o Regime Próprio de Previdência Social do Estado do Rio Grande do Sul (RPPS/RS), trazendo mudanças nos requisitos para o servidor estadual se aposentar e no cálculo da aposentadoria, na concessão de pensão por morte aos dependentes do servidor, no abono permanência e nas alíquotas de contribuição para a previdência.
Vinte e quatro emendas foram apresentadas ao PLC: treze do deputado Thiago Duarte (DEM), quatro da deputada Luciana Genro (PSOL), três da deputada Juliana Brizola (PDT), duas do deputado Fábio Ostermann (Novo), uma do deputado Luiz Fernando Mainardi (PT) e outra do líder do governo, deputado Frederico Antunes (PP), e outros 15 parlamentares. Apenas esta última, de número 10, foi apreciada porque Frederico teve seu requerimento aprovado (35 votos a 19), dando a preferência de votação à emenda e ao texto do projeto. A emenda recebeu 39 votos favoráveis e três contrários.
Com a aprovação da emenda, as alíquotas da previdência dos servidores civis, ativos, inativos e pensionistas, serão cobradas de forma progressivas:
Durante a discussão da matéria, Pepe Vargas (PT) foi à tribuna para criticar o projeto e o “emendão” apresentado pelo líder do governo. “É um confisco salarial. O governo quer fazer caixa com os aposentados”, avaliou. Pela proposta, segundo Pepe, o servidor estadual vai se aposentar ganhando menos, as pensões serão muito menores, os inválidos por acidente de trabalho irão receber metade da aposentadoria que atualmente ganhariam e os inativos serão obrigados a contribuir com a previdência.
Sofia Cavedon (PT) também criticou o projeto, citando especialmente o magistério que será prejudicado e a cobrança de alíquotas dos inativos e pensionistas. “Vamos assinar confisco de salário de aposentados?”, questionou. Afirmou que sua bancada vota contra o pacote do Executivo, pois não concorda que quem pague a conta seja o trabalhador.
Thiago Duarte (DEM) falou sobre a construção coletiva em torno da tabela de contribuição previdenciária. Ele criticou, no entanto o Executivo, que teria combinado ontem (17) com os deputados algumas alterações no texto que não constam na emenda que foi apresentada pelo líder do governo. Afirmou que, se as modificações não forem apresentadas, votará contra o requerimento de preferência para votação da emenda do governo.
Sebastião Melo (MDB) disse que votaria favoravelmente ao projeto porque ele é a adaptação da legislação estadual à Reforma da Previdência aprovada no Congresso Nacional. Disse que a tabela progressiva lhe agrada porque, no Brasil, quem paga a conta de tudo é o pobre.
Luciana Genro (PSOL) criticou o projeto e avaliou que a greve do magistério e demais categorias do funcionalismo obrigou o governo a promover mudanças via emenda, mas ainda assim não é suficiente. Para Luciana, os inativos e futuros aposentados serão os mais prejudicados. “Estamos diante de ataques aos debaixo. O governo escolheu atacar o servidor público para fazer caixa para o Estado”, finalizou.
Gerson Burmann (PDT) classificou o projeto como um ataque severo aos servidores públicos do RS, de modo especial aos que ganham menos. “Esperamos que esta Casa possa rejeitar o projeto”, declarou. Criticou não apenas a questão das alíquotas, especialmente a cobrança dos inativos e pensionistas, mas também a redução das pensões e mudanças nos critérios para aposentadoria.
Sérgio Turra (PP) defendeu o projeto e a emenda apresentada pela base aliada. Segundo Turra, as críticas da oposição são porque a proposta eleva a contribuição previdenciária dos mais altos escalões do serviço público, que atualmente desconta 14% do salário como os demais servidores que ganham menos. “Essa é a verdade”, destacou.
Juliana Brizola (PDT) classificou o projeto como arrecadatório e criticou o governo pelo envio de mudanças tão importantes no apagar das luzes para impedir o debate. Avaliou que a retirada do regime de urgência dos demais projetos do pacote, a ser votada ainda na sessão, é resultado da falta de diálogo porque o governo não ouviu nem sua base aliada para a construção das medidas.
Fábio Ostermann (Novo) afirmou que defende a reforma do Estado e, por isso, vota a favor do projeto. Segundo ele, com a emenda apresentada pelo líder do governo e demais líderes, os servidores que ganham menos serão beneficiados. “Lamento que a proposta final não seja ainda mais dura com o andar de cima”, declarou.
Ainda foram à tribuna para discutir o projeto os deputados Zé Nunes (PT), Jeferson Fernandes (PT), Valdeci Oliveira (PT), Fernando Marroni (PT), Edegar Pretto (PT), Luiz Fernando Mainardi (PT), Rodrigo Maroni (Podemos), Tiago Simon (MDB), Eric Lins (DEM), Giuseppe Riesgo (Novo), Capitão Macedo (PSL), Sérgio Peres (Republicanos), Luiz Marenco (PDT) e Paparico Bacchi (PL).
Retirada do regime de urgência
Após a aprovação do PLC 503/2019, foram lidos os ofícios do governador retirando o regime de urgência dos outros seis projetos do Executivo que integram o pacote. Na sequência, foram aprovados seis requerimentos do líder do governo para retirar as matérias da Ordem do Dia da sessão, destrancando a pauta de votações. Todos os requerimentos foram aprovados por unanimidade.
Luiz Fernando Mainardi (PT) foi à tribuna para registrar que o governo retirou o regime de urgência por causa da pressão dos servidores estaduais. Finalizou parabenizando a mobilização do funcionalismo.
Frederico Antunes (PP) fez um registro de agradecimento, em nome do governo, pela aprovação do primeiro projeto de medidas necessárias para a reforma do Estado. Disse ainda que a retirada da urgência das demais proposições é resultado do pedido da base do governo.
Com a definição, os seis projetos voltam à tramitação normal na Casa. A expectativa é que voltem ao plenário no final de janeiro de 2020, durante convocação extraordinária a ser feita pelo governador Eduardo Leite. São eles:
Outros projetos votados
Ainda foram aprovados os seguintes projetos:
Projetos com votação adiada
As seguintes matérias tiveram a votação adiada e deverão ser apreciadas somente a partir de fevereiro de 2020, na volta do recesso parlamentar.
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