Pesquisa iniciou coleta de dados e monitoramento de estratégias para o combate à doença
A equipe de pesquisadores do Projeto SIM iniciou nesta quarta-feira (11) os trabalhos de abordagem e coleta de informações para avaliar estratégias para enfrentar a epidemia de sífilis no Brasil. A unidade móvel de pesquisa está em operação no Largo Glênio Peres, no Centro Histórico de Porto Alegre. Quem passa pelo local, um dos maiores pontos de circulação da capital gaúcha, pode se voluntariar para participar do estudo, fazer os exames para diagnóstico da doença e também teste de HIV e hepatites virais.
O Projeto SIM é uma parceria do Hospital Moinhos de Vento, do Ministério da Saúde e da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, sendo desenvolvido por meio Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS). Porto Alegre foi escolhida para a realização da pesquisa por ter uma das maiores taxas de detecção da sífilis adquirida no Brasil – 166 casos para cada 100 mil habitantes, contra 75 da média nacional. A unidade móvel ficará disponível até o final do ano como base para a pesquisa e também para a comunidade buscar orientações por meio de material gráfico, vídeos e jingle.
No lançamento da iniciativa, o superintendente executivo do Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, reforçou que o Projeto SIM é um exemplo de mais uma relevante e fundamental parceria público-privada para a área da saúde. “O PROADI-SUS vem contribuindo, a cada dia, para aperfeiçoar, fortalecer e qualificar o SUS. São projetos de educação, pesquisa, estudos de avaliação e incorporação e novas tecnologias, gestão e assistência especializada que fazem desta parceria um exemplo para o país”, destacou.
O secretário de Saúde da Capital, Pablo Stürmer, ressaltou o trabalho alinhado entre a administração municipal e o Hospital Moinhos de Vento, e expôs a realidade da sífilis na cidade de Porto Alegre. Ele apontou para a necessidade dos serviços essenciais à saúde estarem próximos da população que mais precisa.
Durante sua manifestação, o superintendente de Educação, Pesquisa e Responsabilidade Social do hospital, Luciano Hammes, explicou as principais atribuições do Projeto SIM. Os objetivos da iniciativa são facilitar o acesso para a população, com uma mensagem leve e convidando as pessoas a fazerem o teste, além de estabelecer estratégias para monitorar o tratamento, com acompanhamento por aplicativo de celular, por telefone ou presencial, nas Unidades Básicas de Saúde.
A técnica do departamento de HIV/AIDS do Ministério da Saúde, Flávia Moreno, destacou que o Projeto SIM irá auxiliar o Governo Federal a verificar as melhores políticas públicas a serem implantadas nos próximos anos para o enfrentamento da sífilis, do HIV e das hepatites virais.
Como vai funcionar a pesquisa
Os pacientes com resultado positivo para sífilis serão divididos em três grupos de acompanhamento: por aplicativo de celular, por contato telefônico e pelo protocolo atual, que é a indicação do tratamento com orientação de retorno para novas doses de medicação e monitoramento nas unidades de saúde. A ideia é identificar a eficácia desses métodos, especialmente em termos de logística e integração, e avaliar a viabilidade de implementação em outros estados e municípios.
“Temos de testar formas novas de estimular a adesão ao tratamento. O uso de jogos de celular, por exemplo, é uma prática comum. Vamos tentar mobilizar os pacientes por meio dessa interação”, explica a responsável técnica pelo Projeto SIM, Eliana Márcia Da Ros Wendland, “A ideia é que o estudo aponte quais são as principais lacunas existentes no diagnóstico, tratamento e monitoramento, para que a possamos experimentar novas estratégias de controle”, ressalta.
Além das pessoas que serão incluídas na pesquisa, os pacientes com testes de HIV positivo serão orientados a buscar o sistema de saúde com carta de encaminhamento e exames solicitados.
Aumento de casos
A sífilis, tanto a congênita como a adquirida, apresenta aumento de casos no Brasil nos últimos anos. De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde 2019, dados de notificação compulsória apontaram que as taxas da doença adquirida passaram de dois casos para cada 100 mil habitantes em 2010 para 42,5 casos em 2016, ano em que o agravo foi considerado como epidemia pelo Ministério da Saúde.
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