Referência em sanidade animal, Instituto de Pesquisas Veterinárias completa 75 anos

  • 26 de setembro de 2023
  • Sol FM

A urgência em produzir uma vacina contra a febre aftosa e realizar o diagnóstico da doença foram os motivos da criação do Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF) em 1948. À época, essas eram questões sanitárias importantes para a bovinocultura do Rio Grande do Sul, devido ao grande surto que matou vários animais em 1943.

Nesses 75 anos, é possível afirmar que o hoje Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Saúde Animal Desidério Finamor, vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), contribuiu para que o Estado conquistasse o status de zona livre de febre aftosa sem vacinação, concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) em 2021.

Mas a história do IIPVDF começa antes, em 1942, com o Laboratório de Biologia Animal que funcionava na rua dos Andradas em Porto Alegre, e que depois passou a se chamar Instituto de Biologia Animal (IBA). Em 1943, o governo do Estado decidiu construir o IPVDF em uma área em Eldorado do Sul, na região Metropolitana de Porto Alegre.

“Procuraram o médico veterinário Sylvio Torres, que modificou a vacina contra a febre aftosa de Waldemann, reduzindo a dose a cinco mililitros, facilitando sua conservação e aplicação nas condições brasileiras. Além, é claro, do médico veterinário Desidério Finamor, que foi secretário da Agricultura entre 1945 e 1947, responsável pela criação do Instituto”, explica o chefe substituto do IPVDF, Fernando Karam.

Foto: Divulgação IPVDF

Segundo Karam, quando o prédio (em estilo eclético, com inspiração greco-romana) ficou pronto e começou a funcionar, em 1948, no bairro Sans Souci, ainda se chamava Instituto de Biologia Animal, mas logo passou a ser o Instituto de Pesquisas Veterinárias. “Quando o doutor Desidério faleceu, em 1949, resolveram dar o nome dele ao instituto”, conta. De acordo com ele, a área onde fica o centro era uma estância com mais de 100 anos, a Fazenda Flor do Conde, que foi adquirida pelo governo do Estado para assentar famílias vítimas da enchente de 1941.

No início, eram cinco laboratórios: microbiologia, anatomia patológica, parasitologia, biologia aplicada e febre aftosa. Hoje são nove: bacteriologia, biologia molecular, brucelose, leptospirose, parasitologia, histopatologia, saúde das aves, virologia sorologia, e virologia raiva. A missão do IPVDF é atuar como laboratório de referência do Estado do Rio Grande do Sul em diagnóstico, pesquisa, inovação e capacitação de recursos humanos nas áreas de sanidade animal e zoonoses.

Pesquisa e diagnóstico de qualidade

O IPVDF dispõe de maquinário de última geração para diversos ensaios laboratoriais. “Isso nos capacita para desenvolvermos a metodologia para os diagnósticos. Atualmente, muitos são custeados pela Seapi, pelo Fundesa, ou por projetos de pesquisa do instituto e da antiga Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro)”, destaca Karam.

Ele também ressalta que o centro é importante pela pesquisa e pelo diagnóstico de qualidade que realiza, além de ser o único instituto público que oferece esse tipo de serviço. Em 2022, foram 2058 solicitações de diagnóstico para diferentes laboratórios e ensaios (exames). Em 2023 (até o momento), já ocorreram 1916 solicitações. A demanda vem de todas as regiões do Rio Grande do Sul e de outros estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso.

O médico veterinário aposentado Augusto Cunha reitera a importância do instituto. Ele ingressou no IPVDF em 1982 no Laboratório de Patologia Aviária. Em seguida, foi para o de Virologia e depois, durante 16 anos, atuou como diretor do Instituto. “A minha carreira como veterinário praticamente foi construída no IPVDF, onde prestei serviços por mais de 30 anos”, relembra.

Segundo Cunha, a importância do instituto para a sociedade rio-grandense e brasileira se manifesta tanto na área de saúde pública, em função dos diagnósticos e pesquisas em zoonoses (tais como raiva, tuberculose, brucelose, leptospirose, entre outros), como também no setor econômico, dando suporte às mais variadas áreas da pecuária.

“Apesar da extinção da Fepagro, hoje o instituto ainda continua mantendo as suas atividades. Um fator importante é a acreditação que ele tem junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para ser um laboratório de referência para alguns exames e outro é a formação de técnicos qualificados para atuarem na área por meio do curso de pós-graduação”, aponta Cunha.

Espaço histórico Mauro Totta

Aberto à visitação pública, foi criado em 2006, para valorizar a história do IPVDF. Possui objetos e materiais de laboratório e escritório utilizados ao longo dos 75 anos do instituto. “A tecnologia avança e muitas coisas ficaram obsoletas, mas fazem parte da história. Há até objetos de missa, porque há anos, um padre vinha realizar missas na capela que fica ao lado”, comenta Karam.

Quem foi Desidério Finamor

Foi um veterinário gaúcho, nascido em Santiago do Boqueirão em 1899, que atuou vigorosamente na melhoria das condições da pecuária. Filho de pequenos agricultores, conseguiu chegar à universidade em 1923. Graduou-se em 1926, junto com apenas mais três colegas que faziam parte da turma de profissionais formados pela antiga escola de engenharia que deu origem à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi professor universitário, sanitarista e secretário da Agricultura e Abastecimento entre 1945 e 1947. É um dos patronos da Academia Rio-grandense de Medicina Veterinária.

Comemorações

Este ano, dentro das comemorações de 75 anos, está ocorrendo, desde abril, um ciclo de palestras técnicas abertas aos produtores e à comunidade em geral. O ciclo vai até dezembro. Outras atividades também fazem parte da comemoração: em 28 de setembro, ocorre o Dia Mundial de Combate à Raiva; em 27 de outubro, haverá mais uma edição do projeto Ciência nas Escolas, quando alunos da educação básica e do ensino médio visitam o IPVDF; e em 7 de novembro haverá um simpósio sobre tuberculose. Mais para o final do ano, está sendo programado um evento festivo, inclusive com a participação de antigos funcionários.

Na terça-feira (26/9), será publicada a segunda parte desta matéria especial sobre o IPDVF. 


GOV RS | Texto: Darlene Silveira/Ascom Seapi | Edição: Secom | Fotos: Fernando Dias/Ascom Seapi
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