A produção de olivas e a safra de azeites 2023/2024 foram avaliadas nesta quarta-feira (12/6) durante reunião da Câmara Setorial das Oliveiras da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). O excesso de chuvas, desde a floração até a colheita, foi o principal motivo da quebra na produção de azeites de oliva.
A redução foi de 73% em relação à expectativa inicial da coordenação do Programa Estadual de Desenvolvimento da Olivicultura (Pró-Oliva) e de 67% em comparação for com produção obtida em 2023, passando de 580,2 mil litros produzidos em 2023 para 193,5 mil litros em 2024.
Os dados da safra 2023/2024, coletados com os 25 lagares (locais que produzem o azeite) do RS, foram apresentados pelo coordenador da câmara, Paulo Lipp. Ele explicou que a área plantada estimada é de 6,5 mil hectares, enquanto a área estimada em idade produtiva (quatro anos ou mais) é de 5 mil hectares. As maiores plantações estão nos municípios de Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Canguçu, Caçapava do Sul, São Sepé, Cachoeira do Sul, Santana do Livramento, Bagé, São Gabriel, Viamão e Sentinela do Sul.
De acordo com Lipp, a quebra na safra foi grande em função da situação meteorológica, desde o início até o final dela. “Tivemos um ano muito complicado, com pouco frio no inverno do ano passado e com excesso de chuvas na floração, que atingiram 700 milímetros em alguns municípios no mês de setembro. Depois, tivemos durante toda a safra muita chuva, que chegaram a 1,5 mil milímetros em algumas regiões. Essa é uma situação bastante complicada, que causou essa grande quebra na safra”, frisou.
Lipp também alertou sobre os possíveis efeitos do excesso de chuvas, que são fungos de solo, fungos da planta, lixiviação dos solos, aumento de pragas, entre outros. Ele acredita que esses fatos terão reflexos no curto e médio prazo, inclusive na produtividade e no manejo dos olivais. “Os produtores vão ter que adotar uma série de manejos, como correção da acidez do solo, adubação, manejo da cobertura do solo, entre outros”, pontuou.
O extensionista rural da Regional Bagé da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar), Edisson Dornelles, alertou que as plantas decaíram muito. Segundo ele, em alguns casos, pode levar alguns anos para se recuperarem.
O presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Renato Fernandes, salientou que é preciso observar as mudanças climáticas ocorridas não só no Brasil e no Rio Grande do Sul, mas no mundo. “Temos que nos preparar para essa pauta, que é a sobrevivência para as próximas gerações. O desenvolvimento necessita andar junto com a preocupação ambiental. Precisamos construir soluções eficazes nesse sentido”, ponderou.
Na reunião, também foram apresentadas as medidas do governo federal relativas ao crédito rural para os municípios em situação de emergência ou calamidade pública. Alexandre Barros, do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), salientou a importância de os clientes BRDE e de outros bancos que possuem financiamentos ativos entrarem em contato com os agentes financeiros e verificarem se estão contemplados nos critérios de prorrogação automática. “Mas é essencial a manifestação ativa ao banco, inclusive no caso de eventual nova prorrogação após 15 de agosto”, ressaltou.
Também foram apresentadas as medidas da Resolução 835 do Banco Central para produtores do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), bem como as medidas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para reconstrução de empresas jurídicas atingidas pelos eventos meteorológicos. Foi feita ainda uma apresentação sobre o Proagro, uma opção de seguro de custeio anual da cultura.
Encaminhamentos
O engenheiro agrônomo Fabricio Carlotto sugeriu a reativação do Grupo Técnico da Olivicultura, com pesquisadores da Embrapa, da Seapi e das universidades; consultores privados; e extensionistas da Emater/RS-Ascar. O que foi endossado pelos representantes da câmara.
O Ibraoliva ficou de indicar a data do 6º Encontro Estadual de Olivicultura, que estaria programado para ser realizado em Caçapava do Sul este ano, provavelmente em novembro. Neste período está prevista a vinda de integrantes do Conselho Oleícola Internacional (COI).
A fim de esclarecer seus associados, o Ibraoliva pretende promover uma reunião sobre crédito rural para abordar questões como Proagro, repactuação de contratos, entre outras. Também será reforçado o pleito junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) sobre a criação de um fundo garantidor de crédito rural.
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