Em boletim setorial, Secretaria da Fazenda dimensiona impacto das cheias na atividade econômica do Estado
A Secretaria da Fazenda (Sefaz), por meio da Receita Estadual, divulgou nesta semana os indicadores de desempenho econômico da indústria, varejo e atacado do Estado durante o mês de maio, período fortemente afetado pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Com base nas informações das notas fiscais eletrônicas e nas guias de arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), os dados revelam a magnitude do revés econômico causado pelo evento meteorológico, refletido na queda de arrecadação do Estado. O boletim está publicado na edição da especial revista RS 360, disponível no site Receita.doc.
De acordo com o levantamento, a queda mais expressiva do volume financeiro de vendas foi registrada no setor industrial. O declínio das transações comerciais atingiu o pico de 87% entre os dias 10 e 17 de maio, na comparação com a mesma semana do mês anterior. Em relação a maio de 2023, o acumulado do mês registrou um recuo de 27% nas comercializações – índice que frustrou o setor que vinha demonstrando tendência de recuperação em abril, após uma série de quedas no fluxo comercial. Na visão trimestral, comparando o desempenho de março, abril e maio com os meses imediatamente anteriores, a queda foi de 11,3%.
De acordo com o estudo da Receita Estadual, das 47,5 mil empresas do segmento industrial gaúcho, 93% estão localizadas em municípios atingidos pelas fortes chuvas. Desse total, 16% possuem planta em área alagadas – indústrias que, somadas, respondem por 35% da arrecadação de ICMS do setor.
Atacado sofre com perda de estoque
Depois da indústria, o setor atacadista apresentou a maior queda no volume de vendas em maio. Segundo o boletim, o recuo das transações foi de 23% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. No auge da crise, a queda nas vendas alcançou 79% em relação a abril. Além dos impactos logísticos, com a interrupção do fluxo em diversas rodovias do Estado, o atacado sofreu com um volume expressivo de perda de produtos estocados.
O segmento atacadista mais impactado, de acordo com o levantamento, foi o de pneumáticos e borrachas e o de resíduos e sucatas – ambos registraram um declínio de 50% nas comercializações. Na sequência, aparece a área metalomecânica, com queda de 39%. A análise dos dados inclui as empresas do chamado atacarejo, que atuam na atividade de venda no atacado (formado, na maioria, por distribuidoras de produtos) e no varejo.
Baque no varejo
Embora não tenha escapado dos efeitos da tragédia climática, o setor varejista teve um recuo menor em relação à indústria e ao atacado, com uma diminuição de 16% nas vendas em maio em comparação ao ano anterior. O pico do declínio ocorreu entre 10 e 17 de maio, com uma queda de 85% em relação à mesma semana de abril. A retração menos intensa no consolidado do mês, conforme análise da Receita Estadual, pode ser atribuída à intensa procura por itens de alimentação e limpeza nas redes varejistas para o consumo próprio das famílias e doações destinadas ao abastecimento dos desabrigados.
Impulso para a retomada
O governo do Estado vem adotando uma série de medidas tributárias para mitigar os danos e impulsionar a recuperação econômica. Além da ampliação do prazo para recolhimento do ICMS e da postergação do pagamento para empresas do Simples Nacional, a Receita Estadual anunciou a opção de refinanciamento de débitos do ICMS em 60 vezes e uma redução no custo tributário para empresas no Fundo Operação Empresa (Fundopem). A Sefaz, segundo o subsecretário da Receita, Ricardo Neves Pereira, também estuda como auxiliar setores específicos, a exemplo do de transporte rodoviário de cargas.
“Muitas empresas de transporte de cargas perderam veículos e caminhões, e estamos tentando criar planos e programas específicos para esse setor, para que varejo, atacado e indústrias possam ter um benefício que viabilize a aquisição de novos bens”, explica Neves. Segundo ele, é papel do Estado e da União buscar soluções para que as empresas não percam capacidade de produção, de comercialização e de distribuição, além de garantir a manutenção dos empregos. “A primeira estratégia do Estado foi salvar as vidas de pessoas físicas. Agora, temos de salvar as pessoas jurídicas”, afirma.
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