Especialistas discutiram sobre hanseníase, escabiose crostosa e celulite infecciosa relacionada à enchente na última parte da 1ª Jornada dos Serviços Credenciados do RS
As dermatoses infecciosas são condições dermatológicas causadas por diferentes microrganismos, como bactérias, fungos, vírus ou parasitas. Essas doenças podem se manifestar de várias formas, incluindo manchas, bolhas, feridas ou descamações, frequentemente acompanhadas por sintomas como coceira, dor ou vermelhidão. A transmissão pode ocorrer por contato direto com pessoas infectadas, superfícies contaminadas ou até por picadas de insetos.
Na tarde desta quinta-feira (24/10), o tema foi discutido na 1ª Jornada dos Serviços Credenciados do RS, no Centro de Eventos do BarraShoppingSul, em Porto Alegre, organizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção do Rio Grande do Sul (SBD-RS).
A sessão começou com a apresentação do Dr. Rafael Borba de Melo, que expôs um caso de hanseníase, em que o paciente apresentava manchas no abdome. O dermatologista destacou que o caso demonstra uma peculiaridade da doença, ao transitar em todos os aspectos possíveis de sua apresentação. Além disso, enfatizou que a hanseníase é de difícil diagnóstico, sendo o tempo médio de até 6 anos em certas região do Brasil, fazendo com que os pacientes desenvolvam sequelas tardias. Isso ocorre devido à instabilidade, múltiplas apresentações e sintomas da doença.
Em seguida, a Dra. Bruna Simonil, da UFSM, relatou um caso de escabiose crostosa em pacientes imunodeprimidos, uma forma grave de sarna altamente contagiosa. O diagnóstico e tratamento tardios da doença são comuns, o que facilita a transmissão contínua dentro das comunidades, principalmente no contexto de pobreza, marginalização e superlotação. Dessa forma, a dermatologista pontuou que a detecção precoce é essencial, especialmente para indivíduos com fatores de risco identificados.
Finalizando as apresentações, a Dra. Gabriela Magnus, da Santa Casa/UFCSPA, detalhou um caso de celulite infecciosa causada pela bactéria Providencia, associada ao contato com água contaminada das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. A médica alertou para a gravidade dessas infecções, que podem evoluir rapidamente e demandam tratamento com antibióticos para evitar complicações severas, como sepse. Ademais, ressaltou que as enchentes são responsáveis pelo aumento de cerca de 20% das doenças dermatológicas, impactando a saúde a curto e longo prazo.
Cristiane Almeida Soares Cattani, do Ambulatório de Dermatologia Sanitária (ADS) e coordenadora da atividade, destacou a importância de realizar uma biópsia para identificar um possível caso de hanseníase.
“A doença que pode se manifestar de várias formas, por isso a classificação mais importante é a operacional, que guia o tratamento. Se vocês se depararem com uma lesão suspeita de hanseníase, não hesitem em tratar. Muitas vezes, ao ver a lesão pela primeira vez, não pensamos logo em hanseníase, mas como dermatologistas, é essencial considerarmos essa possibilidade e, no mínimo, realizar uma biópsia”, afirmou.
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