Evento reuniu especialistas, líderes do movimento negro, educadores e representantes da sociedade civil
Para fortalecer a pauta da equidade racial nas escolas estaduais, o governo do Estado promoveu, por meio da Secretaria da Educação (Seduc), o 2° Encontro Estadual da Educação Antirracista, nos dias 5 e 6 de dezembro. Realizado no auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff), em Porto Alegre, o evento reuniu especialistas, líderes do movimento negro, educadores e representantes da sociedade civil.
A programação, coordenada e planejada com o Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-Racial, envolveu os participantes em discussões sobre os desafios e avanços no enfrentamento do racismo nas salas de aula do Rio Grande do Sul.
A abertura do evento contou com a presença da secretária da Educação, Raquel Teixeira; da presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Maristella Guasselli; e da coordenadora do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-Racial, Adriana Santos.
Raquel destacou a importância das ações do Programa de Educação Antirracista da Seduc, enfatizando a necessidade de se comprometer com o tema da equidade. “Nossa esperança é que todas as escolas sejam antirracistas. É a educação que faz a diferença para reverter os impactos negativos da história da escravidão no Brasil”, afirmou. “Reconhecer a existência do racismo e o contexto da diáspora forçada é a premissa básica. Sem consciência e ações intencionais, não conseguiremos mudar essa realidade.”
Além disso, a secretária aproveitou a oportunidade para homenagear o poeta gaúcho Oliveira Silveira, intelectual e militante do movimento negro. “Temos muito orgulho do papel do Oliveira Silveira, que foi professor da Rede Estadual, mentor e criador do 20 de novembro como Dia da Consciência Negra – que finalmente se tornou nacional neste ano”, lembrou.
Ao som da música da artista, pedagoga e ativista Negra Jaque, o encontro também se iniciou com um desfile de estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nações Unidas, exaltando a ancestralidade e a estética negra. As cores e os elementos da cultura africana reafirmaram simbolicamente o empenho de levar as questões das relações étnico-raciais para o centro do debate.
Entre os convidados, esteve presente Naiara Rodrigues Silveira, educadora e filha de Oliveira Silveira. Ela mantém o legado do pai, dando continuidade ao seu trabalho, e mencionou uma faceta que nem sempre é citada: como foi o papel do escritor como professor de escola pública. “Ele era muito responsável na questão da arte e da literatura, de levar os autores brasileiros e negros para a sala de aula. E, segundo os alunos dele que encontro, era um professor maravilhoso e inesquecível”, comentou.
Manifestações artísticas, como a leitura de poemas com temática negra e a apresentação de Slam, uma performance poética que combina a oralidade, a expressão corporal e a perspectiva da resistência, fizeram parte do evento. Os painéis de discussão abordaram temas como a formação de professores, a desconstrução de estereótipos no currículo escolar e o letramento racial, que permite questionar e transformar as estruturas do racismo na sociedade.
A coordenadora Adriana reforçou que a educação antirracista deve ser vista como algo intrínseco ao processo de aprendizagem. “O fórum surgiu para ser o olhar da comunidade negra, fiscalizando as ações da educação. É o braço de acompanhamento e avaliação da sociedade civil”, salientou. “Ainda temos muito a construir no sentido do ensino antirracista, que deve atravessar toda a aprendizagem. A pauta de educação das relações étnico-raciais não é exclusiva para pessoas negras: é de todas as crianças, jovens e estudantes em todos os níveis de ensino.”
Posse
O encontro também foi estruturado a partir do princípio de colaboração e alinhamento entre o Ministério da Educação (MEC), o Estado e os municípios. Durante o encontro, ocorreu a posse dos representantes gaúchos da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (PNEERQ), que atuarão como articuladores das diretrizes do programa em sintonia com as redes estadual e municipal de ensino.
“A Undime representa os 497 municípios gaúchos. No âmbito do PNEERQ, o MEC designou 30 agentes, divididos igualmente entre as redes estadual e municipal, com 15 representantes para cada. Organizamos o trabalho com base nas coordenadorias regionais existentes no Estado. Esses agentes passam por formação específica e atuam em seus territórios, promovendo a temática das relações étnico-raciais”, explicou Maristela.
Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnico-Racial do RS
Desde 2006, quando foi fundado, o fórum reúne representantes de órgãos públicos, da sociedade civil e de entidades educacionais para debater e acompanhar as políticas públicas voltadas à promoção da equidade racial nas escolas. O Fórum atua em parceria com secretarias de Educação, Núcleos de Estudos Afro-brasileiros (NEABs), Conselhos de Educação e sindicatos, combatendo o racismo e as desigualdades por meio da educação étnico-racial.
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