Após palestras do 4º Fórum Promebo na Prática, criadores assistiram em pista avaliações de carcaças de diferentes raças
O 4º Fórum Promebo na Prática abriu as atividades da 2ª Fenagen Promebo, em Pelotas (RS). Após a abertura realizada pelo presidente da Associação Nacional de Criadores Herd Book Collares (ANC), Joaquin Villegas, que ressaltou o trabalho de seleção genética para a produção de uma carne de excelência, palestrou a diretora da Cia. Azul, Susana Macedo Salvador.
A empresária traçou uma breve linha do tempo para falar da criação de Angus, Brangus, Braford e Ultrablack, começando pela fundação da produção com seu avô, em 1907, ressaltando a parceria entre o pai, João Vieira de Macedo Neto, do criador Ciro Manoel de Andrade Freitas com o pesquisador Luiz Alberto Fries, cedendo dados para a tese de mestrado que resultou no Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne (Promebo). Também detalhou a forma de trabalho da empresa, focada em seleção genética para melhoramento de seus próprios rebanhos e de rebanhos de clientes, demonstrando como avaliam os animais com as exigência de pontuação do Promebo.
A segunda palestra foi a da zootecnista e proprietária da empresa Santa Carcaça, do Mato Grosso do Sul, Andressa de Barros Rezende Conti. A proposta foi mostrar a experiência no Brasil Central de como se dão os cruzamentos entre as raças Angus e Nelore e a importância disso no sistema de produção com ênfase no uso crescente de tecnologia. Ela foi a primeira compradora de boi no Mato Grosso do Sul. “A Santa Carcaça atua em 7 unidades, com experiência em mais de 20 plantas no Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Paraguai com 210 mil cabeças abatidas e auditadas. São 150 clientes ativos em carteira”, revelou. Em um cenário macro, Andressa destacou que o abate total de bovinos no Brasil cresceu 1,44% no último ano, totalizando 41,96 milhões de cabeças. Segundo estimativas, trata-se do maior abate de bovinos já observado no Brasil. “Os principais destinos são China, Estados Unidos, Hong Kong e Chile. Desde 2004, o Brasil mantém a posição de maior exportador global de carne bovina e o segundo maior produtor”, ressaltou.
Sobre a ultrassonografia de carcaças, palestrou o professor da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Jaime Tarouco. Ele destacou a ultrassonografia como ferramenta de carcaças, sendo ela a avaliação dentro do sistema de produção para identificar gargalos de nutrição e genética. “Estamos preocupados com a seleção de algumas características, como peso ao nascer, pois cada vez mais estamos usando touros com peso negativo ao nascer e as características influenciam no ganho de peso dos animais ao desmame e recria e rendimento comerciais de cortes desossados”, destacou. O professor disse, ainda, que a ultrassonografia mostra a centimetragem quadrada de área do chamado olho do lombo e que isso influencia na rentabilidade.
Na sequência aconteceu uma mesa redonda com mediação do professor Jaime Tarouco para debater a linha de produção da carne, desde o produtor até o consumidor final. Participaram a diretora da Cia. Azul, Susana Macedo Salvador, a proprietária da Santa Carcaça, Andressa de Barros Rezende Conti, o diretor da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) Luiz Carlos da Silva Carvalho, e a Mestre Churrasqueira, Clarisse Schwartzman.
Suzana lembrou que, em algum momento, o Brasil deverá deixar de ser uma simples commodity da carne para agregar mais rentabilidade. Andressa disse que, para isto, será fundamental a valorização cada vez maior da rastreabilidade e dos programas de melhoramento genético. Clarice defendeu o consumo da carne gaúcha e que, como consumidora, se baseia na aparência da carne bem como características de gordura, marmoreio e embalagem. Carvalho apontou uma dificuldade no processo que é a inconstância e falta de uniformidade do produto. O professor Jaime Tarouco enfatizou que isto só será resolvido com aprimoramento cada vez maior da seleção genética e regularidade de abates.
À tarde ocorreu a parte prática do fórum, com análise de ultrassonografia de animais vivos e já abatidos, e que teve participações do presidente do Conselho Deliberativo Técnico da ANC, Leandro Hackbart, do coordenador do Promebo, Laerte Rochel, do sócio-proprietário da empresa BioData – Ciência de Dados, zootecnista Leandro Lunardini Cardoso. Foram mostrados números que comprovam a importância do uso de dados do Promebo bem como da ultrassonografia de carcaças na seleção feita por criadores, já que esta técnica permite avaliar a qualidade da carne de um animal vivo, que resulta em uma seleção de bovinos de melhor qualidade.
Foram analisadas características de carcaças de cinco duplas das raças Ultrablack, Hereford e Angus. Por fim, a médica veterinária Ana Doralina Alves Menezes falou sobre carcaças, cortes e melhoramento genético e as 3 características que o mercado mais valoriza que são a qualidade diferenciada, padronização e constância, bem como as 3 características que o consumidor procura na carne que são a maciez, sabor e suculência. Para chegar nesse patamar, Ana explicou todos os aspectos da cadeia que precisam ser observados.
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