Mais do que voluntariado, o terceiro setor vem se consolidando como um campo de atuação profissional, com impacto direto na economia e na vida das comunidades. Instituto Sow aponta que a sustentabilidade das OSCs depende cada vez mais da profissionalização e do apoio da comunidade
O mercado das organizações não governamentais (ONGs) e entidades beneficentes, integradas ao chamado terceiro setor, deve alcançar um valor movimentado de US$ 443,2 bilhões até 2029, conforme o relatório NGOs and Charitable Organizations Market Report 2025, divulgado pela Research and Markets. A taxa de crescimento anual composta (CAGR) está estável em 6,6%, impulsionada principalmente pelos mercados emergentes e pelo aumento das doações públicas e parcerias privadas.
No Brasil, o cenário segue a tendência global: o país reúne cerca de 897 mil organizações da sociedade civil (OSCs) ativas, que já respondem por 4,27% do PIB nacional e empregam aproximadamente 5,9 milhões de pessoas. O levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que, embora o crescimento do número de entidades tenha sido modesto nos últimos anos (em torno de 2% em 2024), o setor se consolida como um dos mais relevantes da economia e da inclusão social.
“Hoje, o terceiro setor não é mais um espaço amador ou assistencialista. Ele é profissional, estratégico e essencial para o desenvolvimento do país”, destaca Sheila Zanchet, fundadora do Instituto Sow, organização voltada ao impacto social e educacional, que já atendeu mais de 60 mil pessoas desde 2017. “A sociedade começou a entender que as OSCs movimentam a economia, geram empregos e transformam comunidades inteiras.”
A presença feminina é outro marco importante: 65% dos profissionais do terceiro setor no Brasil são mulheres, e 46% delas ocupam cargos de liderança, segundo dados da plataforma Nossa Causa. Para Sheila, o número revela uma característica fundamental do setor.
“As mulheres têm um olhar empático e estruturador. Essa liderança humanizada é o que dá sentido e consistência às iniciativas de impacto. No Instituto Sow, por exemplo, mais da metade das voluntárias são mulheres, e isso reflete diretamente nos resultados”, observa.
Em 2025, o setor deve movimentar cerca de US$ 353,21 bilhões, com destaque para o segundo semestre, apontado como o período mais desafiador do ano. O estudo internacional prevê que o fortalecimento das parcerias com o setor privado e o aumento das doações individuais serão fundamentais para manter a sustentabilidade financeira das organizações.
“O apoio da comunidade continua sendo o principal pilar das OSCs. Patrocínios e doações são fundamentais para manter os projetos funcionando, e o desafio está em garantir transparência e constância nesses apoios. Hoje, nosso foco é transformar boas intenções em resultados práticos”, explica Zanchet.
O fortalecimento das OSCs brasileiras mostra que o terceiro setor não é apenas um agente solidário, mas também um motor de desenvolvimento humano e econômico. O impacto de quase R$ 221 bilhões na economia e a geração de milhões de empregos revelam a importância de um ecossistema baseado em propósito e participação coletiva.
NÃO ESQUEÇA DE DEIXAR SEU COMENTÁRIO
MAIS DA SOL FM
Copyright © 2019 Radio Sol 107,3 FM - Rolante - RS - Brasil - www.sol.fm.br