Do balcão à liderança: mulheres impulsionam o setor calçadista e o varejo com influência coreana

A presença feminina no setor calçadista brasileiro nunca foi tão expressiva. Segundo dados da Abicalçados, as mulheres já ocupam 49,4% dos empregos do setor e 29% dos cargos de liderança, índices que superam a média da Indústria de Transformação Nacional (30,2% e 19,8%, respectivamente).

Esse avanço reflete uma transformação estrutural, impulsionada por novos modelos de gestão, pela digitalização e, mais recentemente, pela influência da cultura coreana sobre o consumo e o empreendedorismo no varejo.

O fenômeno conhecido como Hallyu, a “onda coreana” que reúne K-pop, K-dramas e tendências de consumo ligadas à Coreia do Sul, tem inspirado mulheres líderes no varejo brasileiro.

Em bairros como o Bom Retiro, em São Paulo, a presença de empreendedores coreanos e descendentes é marcante. Ali, mulheres estão à frente de lojas, confecções e marcas autorais, trazendo uma visão inovadora e conectada às tendências globais.

Essa combinação de identidade cultural, empreendedorismo feminino e consumo consciente vem redefinindo o papel da mulher no varejo brasileiro.

À frente da marca Wishin, Anna Shin representa essa nova geração de mulheres que estão transformando o mercado, com um olhar novo, voltado para a experiência real de quem usa o produto.

“Quando a gente começou a atuar no ramo de calçados, o mercado era quase dominado por homens. Antigamente, os homens que compravam e produziam, mas eles não calçavam os sapatos”, afirma.

“Você ia às feiras e, basicamente, todas eram voltadas para os homens, o que não fazia sentido porque os pés das mulheres são diferentes”, completa.

Segundo Anna, os donos das fábricas contratavam mulheres para provarem os sapatos e dar uma opinião mais concreta sobre o produto. “A gente vinha pedindo coisas que eles não estavam acostumados e eles ficavam surpresos”, explica.

“Depois encontramos um parceiro que abraçou todo o nosso desenvolvimento de produto dentro de uma percepção muito pessoal ali de mulher”, comemora.

Essa transição de um mercado antes dominado por homens para um ambiente mais plural, com mulheres em posição de decisão, tornou a perspectiva feminina um diferencial competitivo. “Hoje você vê muito mais mulher atuando. Elas estão vindo com muita força, porque conseguem falar com esse nicho de uma forma muito mais pessoal e que entende a cabeça da mulher”, diz Anna.

A trajetória de Anna Shin simboliza o que se vê em muitos negócios liderados por mulheres coreanas no Brasil: força, sensibilidade e visão prática guiando transformações no varejo e na indústria. O que antes era um espaço masculino, hoje se abre para lideranças femininas que unem tradição e inovação.

Wishin cresce 330% em faturamento

Fundada em 2011 por Anna Shin, CEO da marca, e sua irmã Joana, a Wishin nasceu de uma experiência pessoal: a busca por sapatos bonitos e confortáveis após uma rave que marcou a memória das fundadoras. Desde então, a marca vem crescendo de forma consistente, sem abrir mão de seus valores originais.

De 2021 a 2024, a Wishin registrou um aumento de 330% no faturamento, 124% no número de pedidos e 173% no volume de cadastros de clientes. O faturamento líquido geral aumentou 270% no mesmo período. O time também cresceu: passou de 30 para 90 colaboradores, refletindo uma expansão estruturada e sustentável. Hoje, a produção anual chega a quase 200 mil pares de sapatos.

“Eu nunca quis fazer uma marca que fosse só sobre moda. Sempre buscamos oferecer algo que faça parte do dia a dia real das pessoas, que acompanhe sua rotina e traga conforto de verdade. Nossa cliente não quer algo para mostrar, quer algo para viver”, afirma Anna Shin, CEO e cofundadora.

Wishin em números (2024 vs. 2021):

Faturamento total: +330%

Faturamento líquido geral: +270%

Pedidos: +124%

Clientes cadastrados: +173%

Produção: 192 mil pares/ano

Colaboradores: de 30 (em 2021) para 90

A Wishin se destaca por uma taxa elevada de recompra: há modelos que estão no portfólio há mais de 10 anos e continuam entre os mais vendidos. Casos emblemáticos reforçam essa conexão: clientes que pedem personalizações para casar com um sapato Wishin, ou consumidoras que viajam de Salvador a São Paulo e fazem questão de passar na loja para provar pessoalmente seus pares favoritos.

Para Anna, esse reconhecimento crescente – que se intensificou a partir de 2021 – vem da soma entre autenticidade, cuidado e coerência. “Não existe só o que eu quero fazer. Existe o que o cliente demanda. Nosso papel é ouvir ativamente e traduzir isso em produto e experiência. Hoje, quando eu digo ‘sou da Wishin’, as pessoas já conhecem, já têm uma história com a gente. Isso não tem preço.”

Além das quatro lojas físicas (3 em São Paulo e 1 em Belo Horizonte), a Wishin investe na integração online-offline para oferecer uma experiência fluida, com tecnologia voltada a trocas, devoluções e atendimento omnichannel.

Sobre a Wishin

A Wishin é uma marca brasileira de calçados que acredita que cada passo conta uma história. Desde 2011, une design atemporal, conforto inteligente e produção cuidadosa feita no Brasil. Mais do que uma marca, a Wishin é o resultado do trabalho de muitas mãos — das que criam, produzem, comunicam, embalam e fazem cada par chegar até quem vai usar. De ponta a ponta, cada etapa carrega o mesmo propósito: transformar o cotidiano em algo mais leve, belo e confortável. Inspirada pela vida real, a Wishin celebra o feito com afeto, o tempo das coisas e o valor do que é duradouro — transformando passos em histórias.

Agência Viragem | Foto: Divulgação