Pediatras fazem ato de mobilização em Porto Alegre em defesa da presença do especialista na Atenção Primária

O papel fundamental do pediatra no cuidado às crianças dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) ganhou destaque na manhã deste domingo (30/11) durante a ação “Pediatra na Atenção Primária: cuidado desde o primeiro contato”. A mobilização começou por volta das 10h, reunindo pediatras, famílias, estudantes e representantes de entidades médicas em defesa de um atendimento qualificado desde os primeiros anos de vida.

Idealizada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e desenvolvida no Rio Grande do Sul pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), a iniciativa alertou para o impacto da ausência do pediatra nas equipes de Atenção Primária — situação que compromete etapas essenciais do crescimento e do desenvolvimento, dificulta o diagnóstico precoce e contribui para a superlotação dos serviços de urgência e emergência. O presidente da entidade, José Paulo Vasconcellos Ferreira, destacou que a falta do especialista no primeiro nível de atenção deixa milhares de crianças sem avaliação adequada em uma etapa decisiva da vida.

“Estamos aqui trabalhando pela inclusão dos pediatras na Atenção Básica à Saúde. Hoje sabemos que, nos postos, muitas crianças já não são atendidas por pediatras e, em alguns casos, nem por profissionais médicos. A pessoa que mais conhece a criança, que entende seu desenvolvimento e suas necessidades, é o pediatra”, afirmou.

O 1º vice-presidente, Marcelo Pavese Porto, ressaltou que o acompanhamento especializado desde os primeiros anos é determinante para um crescimento saudável.

“Quero destacar um ponto fundamental: a vigilância do crescimento e do desenvolvimento infantil só pode ser realizada de forma adequada pelo pediatra. Para que a criança tenha um desenvolvimento saudável, é necessário acompanhamento contínuo e capacidade de identificar precocemente possíveis desvios. Ninguém faz isso melhor do que o pediatra. Se desejamos construir uma sociedade mais saudável, tudo começa na infância — e quem conduz esse processo é o pediatra”, disse.

A ação contou ainda com apoio institucional da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS).

“Esta campanha é extremamente importante para a saúde das crianças e para a resolutividade do cuidado nessa faixa etária. Precisamos garantir a presença do pediatra nos postos de saúde, e a AMRIGS está ao lado da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul nessa demanda tão essencial”, destacou o presidente da AMRIGS, Dr. Gerson Junqueira Jr.

O ato também teve a presença do deputado estadual Dr. Thiago Duarte, que reforçou a intenção de trabalhar, no legislativo estadual, uma proposta que garanta a inclusão do pediatra nas unidades básicas dos municípios gaúchos.

“A presença do pediatra nos postos de saúde é fundamental para reduzir a mortalidade materna e infantil. Precisamos construir uma legislação estadual que estabeleça, de forma obrigatória, a presença desse profissional, começando pelos municípios maiores. Estou plenamente disposto a trabalhar junto com vocês para aprimorar a saúde das crianças no nosso estado. O pediatra é o clínico da criança”, salientou.

A iniciativa integra um movimento nacional idealizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que promoveu mobilizações simultâneas em todos os estados brasileiros para reafirmar que o cuidado infantil começa na Atenção Primária — e começa com o pediatra.

 

Sobre a Sociedade de Pediatria do RS

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul foi fundada em 25 de junho de 1936 com o nome de Sociedade de Pediatria e Puericultura do Rio Grande do Sul pelo Prof. Raul Moreira e um grupo de médicos precursores da formação pediátrica no Estado. A entidade cresceu e se desenvolveu com o espírito de seus idealizadores, que, preocupados com os avanços da área médica e da própria especialidade, uniram esforços na construção de uma entidade que congregasse os colegas que a cada ano se multiplicavam no atendimento específico da população infantil. Atualmente conta com cerca de 1.750 sócios, e se constitui em orgulho para a classe médica brasileira e, em especial, para a família pediátrica.