Estudo inédito revela panorama alarmante dos riscos psicossociais no trabalho no Brasil

  • 23 de dezembro de 2025
  • Sol FM

Com taxas de insatisfação que chegaram a 79%, o domínio 'Clareza do cargo' foi o aspecto mais mal avaliado em todos os segmentos analisados pela pesquisa

Um levantamento inédito no Brasil acaba de revelar um retrato detalhado e preocupante dos riscos psicossociais enfrentados por trabalhadores em diferentes setores da economia. O estudo, realizado com 245 empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC), marca a primeira vez que o país reúne e publica dados globais sobre fatores de estresse e saúde mental no ambiente de trabalho.

A pesquisa foi conduzida com a metodologia HSE-IT, referência internacional traduzida e adaptada pelo professor Sérgio Roberto de Lucca, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e aplicada pela Aventus Ocupacional. Ferramentas semelhantes são utilizadas há décadas na Europa e permitem que as empresas comparem seus próprios indicadores com médias de mercado — um recurso que, além de orientar políticas internas, pode ter peso jurídico em ações trabalhistas ao demonstrar a posição da organização no contexto global.

O levantamento mapeou empresas dos setores de serviços (50%), comércio (19%), transportes (17%) e indústria (14%)

Um dado que chamou a atenção é a alta proporção de profissionais da área de saúde com carga horária semanal inferior a 40 horas, reflexo das escalas de 12x36 horas comuns nesse segmento. A flexibilidade, no entanto, tem um efeito colateral: muitos profissionais acumulam múltiplos vínculos, aumentando os riscos de sobrecarga e esgotamento mental

Outro dado relevante aponta a presença crescente de mulheres no mercado de trabalho: elas representam 54% da força de trabalho, contra 46% de homens. O setor industrial continua sendo o que menos emprega mulheres (28%), enquanto os serviços lideram com 69% de participação feminina.

Transporte e comércio: os ambientes mais críticos

Entre os sete domínios avaliados: Demanda, Controle, Apoio da chefia, Apoio dos colegas, Relacionamentos, Clareza do cargo e Comunicação e mudanças, o setor de transportes apresentou os piores resultados. Motoristas de transporte escolar e fretado relataram altos níveis de pressão em Clareza do cargo (79%), Relacionamentos (69%) e Demanda (68%).

O comércio também se destacou negativamente, com índices críticos em Clareza do cargo (73%), Relacionamentos (62%) e Apoio da chefia (57%).
Na indústria, apenas a clareza das funções superou a média geral de risco, enquanto o setor de serviços se mostrou o mais equilibrado, com indicadores abaixo da média em todos os domínios.

Falta de clareza e excesso de demanda: os principais gatilhos

Ao aprofundar a análise, dois fatores se destacaram como os maiores gatilhos de estresse ocupacional: excesso de demanda e falta de clareza sobre as funções.

No transporte, motoristas relatam longas jornadas que começam antes e terminam depois do expediente dos passageiros.

No comércio, a rotina de trabalho em shoppings, geralmente no modelo 6x1, com folgas limitadas, tem ampliado a pressão sobre os funcionários.

O domínio Clareza do cargo foi o pior avaliado em todos os setores, com índices de insatisfação entre 79% e 65%. Isso indica falhas na definição de atribuições e responsabilidades, além de lacunas em treinamento e comunicação interna.

O relatório destaca que melhorar a descrição de funções e investir em capacitação são medidas de baixo custo e alto impacto, capazes de reduzir significativamente o estresse e aumentar a produtividade

Surpresa positiva: jornada noturna na saúde

Um recorte específico sobre trabalhadores da área da saúde em regime noturno (entre 23h e 5h) revelou resultados acima do esperado. Esse grupo apresentou índices iguais ou até melhores que a média em domínios críticos, como Demanda, Apoio da chefia e Relacionamentos, contrariando a percepção de que o trabalho noturno é, por definição, mais desgastante.

Diagnóstico estratégico para empresas

A ferramenta utilizada no levantamento — um questionário validado e aplicado há mais de 25 anos em empresas de diversos países — oferece um mapa detalhado dos pontos críticos de saúde mental nas organizações. E hoje é uma ferramenta fundamental para o cumprimento das diretrizes da NR-01 e da ISO 45003. Segundo os especialistas, essa escuta sistemática dos trabalhadores permite direcionar esforços e recursos com mais precisão: “Os investimentos tornam-se mais assertivos, e os resultados valem cada centavo”, conclui o relatório.

O estudo reforça a urgência de políticas organizacionais voltadas ao bem-estar psicológico, especialmente nos setores de transporte e comércio. Além de reduzir custos com absenteísmo e rotatividade, estratégias bem planejadas podem melhorar o clima organizacional e elevar o desempenho das equipes.

Empresas interessadas em aplicar a metodologia podem solicitar a avaliação completa junto à Aventus Ocupacional, responsável técnica pela pesquisa.

 

Sobre a Aventus Ocupacional

Pioneira no segmento B2B de Saúde e Segurança do Trabalho (SST), a Aventus Ocupacional tem 25 anos de mercado. A companhia se destaca pela integração completa entre medicina ocupacional e segurança do trabalho, atendendo uma vasta gama de clientes em diversos setores como transporte, educação, alimentação, saúde e indústria.

Na vanguarda da digitalização do atendimento SST, a Aventus Ocupacional utiliza tecnologia de ponta, incluindo uma plataforma EAD para treinamentos online. Nos últimos anos, a empresa tem se destacado por sua inovação no atendimento às demandas legais e operacionais do setor de medicina ocupacional.


Comunicação Conectada | Foto: Freepik

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