Ao contrário da intolerância à lactose, que acontece quando o organismo não consegue quebrar o açúcar do leite, as reações da APLV podem resultar em outras complicações à saúde, como recusa alimentar, dermatite e broncoespasmos
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) traz à tona uma questão de grande relevância que impacta muitas crianças e suas famílias: a alergia à proteína do leite de vaca (APLV). A sensação entre os pais, é que esses casos têm sido cada vez mais frequentes e, de fato, as pesquisas mostram que pode, sim, estar ocorrendo um aumento do número de casos.
A alergia alimentar é mais comum em crianças e a sua prevalência, que parece ter aumentado nas últimas décadas em todo o mundo, seja aproximadamente de 6% em menores de três anos, e de 3,5% em adultos. Um estudo populacional feito em 2028, a partir de registros médicos eletrônicos integrados do Partners HealthCare, em Boston (EUA) e divulgados pela Sociedade Brasileira de Pediatria, avaliou reações potencialmente mediadas por IgE e anafiláticas entre 27 milhões de pacientes e identificou-se ser a prevalência de intolerância/alergia a pelo menos um alimento 3,6%, sendo os principais alérgenos os frutos-do-mar (0,9%), fruta ou vegetal (0,5%), leite e derivados (0,5%), e o amendoim (0,5%).
A médica da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), gastroenterologista e endoscopista pediátrica, Cristina Targa Ferreira, destaca que a alergia à proteína do leite de vaca se manifesta em um espectro amplo, abrangendo diversos tipos e níveis de gravidade, desde a forma mais grave, a anafilaxia, que ocorre imediatamente após a ingestão de leite e é potencialmente perigosa, até as manifestações gastrointestinais, que incluem dores abdominais, gases, refluxo e desconforto.
“Essa última variante é considerada menos perigosa, podendo surgir de 12 a até 72 horas após o contato com o leite. É importante os pais identificarem o tipo específico de alergia e compreenderem sua intensidade – se é leve, moderada ou grave. Indicadores de gravidade incluem dermatite significativa, histórico familiar de alergias e problemas de crescimento e ganho de peso na criança. O entendimento desses detalhes é fundamental para direcionar os cuidados adequados e garantir tratamentos eficazes”, explica.
No Brasil, os dados sobre prevalência de alergia alimentar são escassos e limitados a grupos populacionais, o que dificulta uma avaliação mais próxima da realidade. Estudo realizado por gastroenterologistas pediátricos, porém, apontou como incidência de alergia no País as proteínas do leite de vaca (2,2%), e a prevalência de 5,4% em crianças entre os serviços avaliados.
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