AMRIGS manifesta contrariedade à possível flexibilização da revalidação de diplomas médicos

Entidade associativa médica recebeu com preocupação notícia de que o processo poderá sofrer alterações por parte do Governo Federal

A Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS) posicionou-se favoravelmente ao processo de revalidação de diplomas médicos formados no exterior e é contra qualquer ato de flexibilização, que vem sendo cogitado pelo Governo Federal. A posição da AMRIGS vai ao encontro do divulgado por entidades nacionais como a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Conselho Federal de Medicina (CFM).

– Os quatro primeiros anos de ensino de Medicina no Brasil são formados por aulas teóricas intercaladas com atividades práticas que são exercidas em diversos ambientes como laboratórios, unidades básicas de saúde, hospitais ou blocos cirúrgicos. Nos últimos dois anos, de um total de seis de graduação, as atividades são exclusivamente práticas. Além disso, cada instituição de ensino tem ações complementares. Em muitos países, não há essa mesma carga horária e complexidade. Por isso é importante que se mantenha o rigor na revalidação de diplomas para assegurar que tenhamos profissionais com formação médica equivalente no Brasil – afirma o diretor de comunicação da AMRIGS, Juliano Chibiaque.

Hoje, o número de jovens que optam por fazerem a formação no exterior e depois retornam ao Brasil, é elevado. Muito se dá pelo fato das faculdades de medicina no Brasi terem um custo alto, porém, o fator mais comum que provoca o fenômeno é a facilidade de ingresso em muitas universidades localizadas em outros países, o que não ocorre no Brasil onde o estudante precisa ser aprovado em vestibulares.

– Em qualquer país no qual um médico vai atuar, ele vai passar por um processo de revalidação, não importa o quanto elevada é a sua formação. É algo que, absolutamente, todos precisam se submeter – completa Juliano.

Além disso, a notícia da possível inclusão de instituições privadas foi recebida com preocupação pela AMRIGS.

– O grande problema de envolver instituições privadas é que algumas possuem caráter de fins lucrativos, o que poderia causar uma visão distorcida do processo seletivo. Quem ganha em trazer esse tipo de processo para o meio privado? A população com certeza não – finaliza.
O Brasil é um dos países com maior número de escolas médicas do mundo e na visão da AMRIGS, não faltam médicos, mas sim há uma política incapaz de fazer com que a distribuição desses profissionais seja adequada. Estudo publicado no escolasmedicas.com.br mostra a existência de 336 escolas no Brasil, representando uma instituição de ensino para cada 598,3 mil habitantes. Em países desenvolvidos, como a Alemanha, a média é de uma escola para cada 2.217 habitantes, ou seja, há mais médicos por habitantes no Brasil do que na Alemanha. O ranking completo pode ser conferido no link https://www.escolasmedicas.com.br/escolas-medicas-brasil-e-internacionais.php.

A Associação Médica Brasileira (AMB) anunciou que vai recorrer à Justiça para barrar a proposta do Ministério da Educação (MEC) de flexibilizar a revalidação de diplomas de médicos formados no exterior. O Ministério disse que pretende incluir na portaria interministerial sobre o tema a permissão para que faculdades particulares se responsabilizem por parte do processo, o que vai, na visão da AMB, riar um verdadeiro balcão de negócios, a exemplo do ocorrido nos últimos governos.

Redação: Marcelo Matusiak
Coordenação: Marcelo Matusiak

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