Parceria acontece entre a agência Innovation Norway e a Empresa de Pesquisa Energética e poderá alavancar o potencial de CCS no Brasil
Brasil e Noruega assinaram nessa quinta-feira (6 de junho), no CCS Tech Summit 2024, um acordo de cooperação que visa desenvolver projetos conjuntos, discutir projetos e formas de financiamento para pesquisa em todos os campos da transição energética, em especial a Captura e o Armazenamento de Carbono (CCS). O acordo acontece por meio da Innovation Norway, a mais importante agência norueguesa de fomento à inovação e exportação, e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). O CCS Tech Summit aconteceu no Rio de Janeiro e foi promovido pela CCS Brasil em parceria com a Interlink Exhibitions.
“A Noruega tem mais de duas décadas de experiência em CCS e acreditamos que a assinatura desse acordo com o Brasil é um importante avanço para cumprir metas climáticas assinadas no acordo de Paris. Essa parceria inclui o compartilhamento de conhecimentos regulatórios, ambientais, sociais e comerciais, e a condução de inovação tecnológica e da redução de custos de materiais”, afirmou a cônsul-geral da Noruega no Brasil, Mette Tangen.
Na ocasião, o diretor da Innovation Norway, Thomas Granli, descreveu a assinatura do memorando como um marco significativo na colaboração entre os países para enfrentar os desafios da mudança climática e promover a sustentabilidade no setor de energias.
Granli explicou ainda que espera, com a parceria com a EPE, compartilhar o conhecimento da Noruega e também aprender com as perspectivas e inovações brasileiras. “Temos como objetivo a viabilização de um estudo para avaliar o potencial brasileiro para a formação de hubs de CCUS. Vamos também promover a pesquisa e o desenvolvimento de soluções que contribuam para o crescimento da renda e para a geração de empregos de brasileiros. A inovação e cooperação são fundamentais para a decolagem da transição energética”, destacou ele.
Giovani Machado, Diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da EPE, que representou a presidência da instituição, reforçou que este novo acordo aprofunda as relações entre os dois países e que a troca de experiências é muito valiosa para avançar no desenvolvimento de tecnologias de CCS no mundo.
Já a diretora de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis da EPE, Heloísa Borges, apresentou o Caderno de CCUS recém-publicado pela instituição, apontando o papel fundamental das tecnologias de captura e armazenamento de carbono para a estratégia de descarbonização no Brasil.
Desafios do CCS e o potencial brasileiro
Durante o evento, o presidente e CEO da Svante Technologies Inc, Claude Letourneau, alertou que a indústria e a população mundial deveriam pensar na urgência de ações como se um tsunami se aproximasse. Segundo ele, a emergência climática é real e, sem que os projetos comerciais de CCS sejam imediatamente implementados em grande escala, não cumpriremos as metas do Acordo de Paris.
“Para colaborar ainda mais com essas metas, estamos construindo uma fábrica em Vancouver, Canadá, envolvendo um investimento de US$ 145 milhões. Ela terá capacidade para equipar dez centrais de captura de carbono, cada uma com capacidade para 1 milhão de toneladas de CO2 por ano, evitando que 10 milhões de toneladas de CO2 entrem na atmosfera anualmente. Esperamos que esta nova fábrica de filtros de captura de carbono esteja em plena capacidade antes de 2030. Por isso e pelo seu potencial, o Brasil é visto como destino da nossa próxima fábrica”, detalhou o executivo.
A diretora da CCS Brasil e Diretora da Manacá CCS, Nathália Weber, ressaltou ainda que o mundo já sabe que o Brasil pode ser um grande player nas emissões líquidas negativas, nas tecnologias de remoção de carbono por BECCS (bioenergia com CCS), em especial. “Para a bioenergia, especialmente no etanol, o potencial brasileiro está próximo a 40 milhões de toneladas por ano de capacidade de captura, só considerando a produção atual que temos de biogás, de etanol e de eletricidade a partir de biomassa. Para vocês terem uma ideia, essa quantidade é muito próxima do que temos de capacidade instalada de CCS no mundo hoje”, apontou.
Já o presidente da Associação Brasileira de Hidrogênio (ABH2), Paulo Emílio Miranda, enfatizou a posição única do país como produtor autossuficiente de hidrogênio para uso doméstico e futuro exportador. Ele também lembrou da abundância de recursos naturais do país, que incluem a energia renovável de fontes hidrelétricas, eólicas e solares e que proporcionam uma base sólida para a produção de hidrogênio. Segundo ele, essa produção pode contar com as tecnologias de CCS em várias rotas tecnológicas.
Para ajudar a desenvolver esse potencial, o gerente setorial do Departamento de Gás, Petróleo e Navegação do BNDES, André Pompeo, relatou que a instituição está engajada em apoiar esses tipos de projetos. “Hoje, a melhor linha de financiamento do BNDES para qualquer tipo de setor é na inovação. A Taxa Referencial (TR) é de mais ou menos dois e meio por cento”.
O evento contou ainda com a presença do Deputado Federal Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), que apresentou as principais iniciativas legislativas com foco na descarbonização, pontuando a importância da presença das tecnologias de CCS em cada uma delas. O deputado reforçou o papel crucial de CCS para o cumprimento das metas climáticas e disse trabalhar para que essas tecnologias tenham o endereçamento adequado no Congresso.
Sobre a CCS Brasil
A CCS Brasil é associação que visa estimular as atividades ligadas à Captura e Armazenamento de Carbono no país, um processo que visa trazer um impacto sustentável positivo para a sociedade e que reúne diversas tecnologias para a captura do CO2, transporte e armazenamento permanente do gás carbônico em formações rochosas profundas. A CCS Brasil busca promover a cooperação entre todos os entes que podem participar dessa cadeia produtiva e que incluem empresas financiadoras, indústrias, governo, universidades e a sociedade, visando o desenvolvimento desse mercado.
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