A Câmara Temática de Educação do Conselho do Plano Rio Grande se reuniu, nesta segunda-feira (8/7), para discutir o panorama da Rede Estadual após a crise meteorológica e as ações que estão sendo realizadas nas escolas para assegurar a retomada das atividades pedagógicas. O encontro ocorreu no Centro Administrativo de Contingência (CAC), em Porto Alegre, e teve a participação do vice-governador, Gabriel Souza, das titulares da secretarias da Educação (Seduc), Raquel Teixeira, e de Obras Públicas (SOP), Izabel Matte, além do secretário do conselho, Paulinho Salerno.
A iniciativa, que faz parte do Plano Rio Grande, busca organizar as demandas e pautas de cada setor atingido pelas enchentes de abril e maio, com ênfase em três eixos de atuação: ações emergenciais, ações de reconstrução e Rio Grande do Sul do futuro. O foco é monitorar a situação, avaliar as dificuldades e propor soluções, encaminhando as medidas necessárias junto aos órgãos competentes.
“Nosso grande objetivo é garantir 100% da Rede Estadual em sala de aula, sem nenhum estudante fora da escola. Isso demanda uma série de estratégias, inclusive a realização de aulas remotas de forma temporária, quando for necessário”, explicou Gabriel. “Tivemos uma primeira fase de recuperação das escolas atingidas, que ainda está em andamento, e agora ampliamos o diálogo com a comunidade escolar e as redes municipais para avançarmos no retorno e na reforma das escolas, entre outras ações.”
Na abertura da reunião, foram apresentadas as atribuições do Comitê Gestor, formado por representantes do poder público e da sociedade civil, a metodologia de trabalho das Câmara Temáticas e o perfil dos conselheiros. Na sequência, Raquel abordou os desafios da gestão da Educação frente às mudanças climáticas, destacando a necessidade de se construir planos específicos para atender às distintas realidades das escolas e garantir a coesão da rede.
A titular da Seduc apresentou as ações realizadas pela pasta desde o início de maio, com acompanhamento e comunicação constantes para coordenar os trabalhos. As iniciativas envolveram medidas na infraestrutura das instituições de ensino, serviços de apoio e planejamento para a comunidade da Rede Estadual, bem como a busca ativa de estudantes em abrigos e áreas atingidas.
“Fizemos algo completamente inovador. A busca ativa se baseava, até então, no endereço e no telefone do aluno e da família. Durante as enchentes, tivemos que criar novos mecanismos. Realizamos busca ativa inclusive de barco e utilizamos o cruzamento de dados para localizar esses estudantes. Hoje, cerca de 3,2 mil alunos estão em abrigos, e uma força-tarefa também está visitando esses alunos para manter o vínculo presencial com a escola,” explicou Raquel.
A partir de um levantamento técnico realizado em conjunto com a SOP, foi feita uma classificação do impacto na infraestrutura e na comunidade escolar. Raquel detalhou ainda os distintos formatos que estão sendo aplicados para garantir a continuidade do ensino, com aulas nos modos presencial, remoto, híbrido e por revezamento. Ela ressaltou que o retorno às atividades pedagógicas ocorreu de uma forma acolhedora.
“Muitas pessoas acreditam que retomar as aulas se resume, por exemplo, a ter aulas de física e matemática. No entanto, o ser humano, em sua plenitude, também possui dimensões culturais e emocionais. Por isso, consideramos que o acolhimento é ação pedagógica, uma parte integrante da escola. Não é só uma preparação para o conteúdo”, reforçou Raquel.
Outros pontos citados incluíram o apoio psicológico e emocional para os estudantes, professores e equipes diretivas das escolas atingidas; a recomposição de mobiliário nas instituições de ensino; o investimento extra para a merenda escolar e para pequenos reparos por meio do repasse financeiro especial da Autonomia Financeira Eventos Climáticos; além da criação de materiais pedagógicos para auxiliar o trabalho de recomposição das aprendizagens.
“Existem certas habilidades estruturantes que, se o aluno não dominar, ele não conseguirá aprender o conteúdo futuro. Elas foram priorizadas, e a equipe pedagógica da Seduc preparou diversos cadernos de apoio a partir de uma matriz prioritária do currículo,” disse a a titular da Seduc.
Após as apresentações, o encontro abriu espaço para as contribuições da Câmara Temática. Os participantes puderam trazer depoimentos e compartilhar sugestões para a política de retomada. Entre as questões levantadas, foram debatidos temas ligados às demandas da educação indígena, a pautas étnico-raciais e à recomposição das aprendizagens.
Durante a reunião, também estiveram presentes a titular-adjunta da Seduc, Stefanie Eskereski, e representantes de instituições ligadas à educação, de movimentos indígenas, da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), do Serviço Social da Indústria (Sesi) e do Conselho Estadual de Educação.
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