Conseguir empréstimo como MEI ficou mais fácil, mas juros altos exigem cuidado redobrado

De acordo com o Sebrae, taxa de juros anual para microempreendedores individuais pode chegar a 44%, quase três vezes maior que a Selic

O acesso ao crédito para microempreendedores individuais (MEI) tem dado sinais de melhora, ajudando a superar uma dificuldade que por muito tempo atrapalhou o crescimento de muitos pequenos negócios. Em outubro, uma pesquisa do Sebrae mostrou o melhor resultado dos últimos anos: 33,2% dos MEIs disseram que a situação para conseguir financiamento estava “normal” e 9,2% afirmaram que o processo foi “fácil”.

"Esse cenário mostra que os bancos estão começando a olhar para o MEI de forma diferente. Antes, o microempreendedor esbarrava em exigências difíceis de cumprir, muita burocracia e critérios que não consideravam a realidade de quem empreende sozinho", explica Kályta Caetano, contadora especialista em MEI da MaisMei, que auxilia a gestão e regularização de microempreendedores por meio de um SuperApp.

Mesmo com mais crédito disponível, surge um cuidado importante: o MEI precisa usar esse dinheiro com consciência, para ajudar o negócio a crescer e não virar dor de cabeça no futuro.

“Identificamos que quase metade (44,5%) dos MEIs que buscam empréstimos já têm alguma dívida ou pendência no CNPJ. Com os juros altos, pegar mais crédito sem planejamento pode virar uma bola de neve rapidinho”, alerta Kályta.

Segundo o Sebrae, o MEI paga, em média, 44% de juros ao ano quando pega um empréstimo. Isso é quase três vezes mais do que a taxa Selic, que hoje está em 15%. Com juros tão altos, muitos empreendedores acabam não conseguindo pagar a dívida. No Nordeste, a situação pesa ainda mais: os juros podem chegar a 51% ao ano.

Nesse contexto, a busca por financiamento não deixa de ser uma grande aliada dos pequenos empreendedores, mas deve vir acompanhada de uma boa organização financeira. “Para a saúde financeira do microempreendedor, é determinante a revisão de todos os gastos e acontecimentos, para um diagnóstico básico que auxilia os próximos passos do negócio, especialmente em períodos como a virada de ano. Examinar extratos, faturas, os próprios contratos de crédito, entre outros, revela padrões de consumo e decisões que, no dia a dia, passam despercebidos”, recomenda Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital.

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