Mal que afeta milhões de brasileiros requer atenção e cuidados, seja de familiares ou de amigos
Por não ser visível, a depressão é constantemente estigmatizada, gerando dificuldades em seu tratamento e no seu diagnóstico. Além do receio do próprio depressivo para reconhecer sua enfermidade, amigos e familiares também tem tendência a relativizar a doença como uma fase difícil. Para lidar com ela, é preciso saber ouvir e compreender as formas de auxiliar quem está com a saúde mental fragilizada. O médico psiquiatra e associado da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS), Rafael Moreno Ferro de Araújo, alerta para a importância de saber abordar o tema.
– O indivíduo deprimido frequentemente ouve: “Você deve se ajudar!”, mas esta é uma das piores frases que ele pode ouvir, visto que a depressão está relacionada a uma disfunção importante do sistema cerebral que influencia na disposição e na vontade de fazer as coisas – explica o médico.
Os sintomas mais comuns são tristeza profunda, indisposição e indiferença. Nestes casos, amigos e familiares precisam estar dispostos a buscar o tratamento junto com o paciente.
– Com a motivação baixa, indivíduos deprimidos podem até nem tomar banho e, obviamente, não conseguirão marcar um atendimento psicológico ou psiquiátrico, muito menos irem até a consulta. Portanto, a melhor conduta é marcar ou ajudar a marcar a consulta e, inclusive, ir junto ao consultório – lembra Rafael.
Outro ponto retomado pelo médico é a importância de, em casos de famílias fragilizadas, os amigos, companheiros de trabalho e pessoas que convivem com o paciente, estarem atentos a todos os sinais.
– Uma situação comum em casos graves de depressão são famílias que estão fragmentadas e que não ajudam o indivíduo deprimido a procurar tratamento, ou até dificultam o acesso ao tratamento adequado. Nestes casos, os únicos vínculos que podem ajudar são amigos ou colegas de trabalho, de faculdade, da escola. Os chefes, professores e coordenadores também devem estar atentos a indivíduos com vínculos familiares fragilizados, e se mostrar abertos a ajudar – finaliza o médico.
Segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão deve se tornar a doença mais incapacitante de todo mundo até 2020. No ano de 2018, os casos de depressão aumentaram ao redor do mundo e já correspondem a quase 20% da população mundial.
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