O sábado, 26 de julho, foi de emoção, afeto e homenagens no Asilo Padre Cacique, em Porto Alegre, com a comemoração do Dia dos Avós. A programação especial, idealizada pelos funcionários do asilo e que durou praticamente todo o dia, envolveu todos os cerca de 100 moradores — inclusive aqueles que não são avós — em uma homenagem que uniu memória, cuidado e celebração da vida.
Os idosos participaram de um café colonial, receberam brindes, assistiram a um vídeo relembrando momentos da rotina no asilo e que exalta a importância dos seus residentes, conversaram sobre saúde mental com o psicólogo Iago Surreaux e com a médica Júlia Santana, e desfrutaram de um almoço especial e de uma apresentação musical com saxofonista tocando clássicos das décadas de 1970 e 1980.
“A finalidade principal dessa ação foi homenagear e agradecer os nossos idosos. Procuramos fazer com que eles se sintam sempre valorizados e respeitados todos os dias”, destacou o gerente geral do Asilo Padre Cacique, Carlos Gomes.
Responsável pela recreação da entidade, Daniel Jericó ressaltou que as dinâmicas do Dia dos Avós foram pensadas com sensibilidade.
“O primeiro passo para criar a programação foi contemplar a visão que a instituição tem desse público. O simbolismo é lembrar e enaltecer essa melhor idade, de uma maneira que até quem não é avô ou avó se vê incluído”, afirmou.
Segundo ele, a rotina do asilo é movimentada com atividades semanais e temáticas, como música, cinema, artesanato, literatura e bailes.
O morador Martinho, de 81 anos, emocionou a todos ao compartilhar uma história intitulada “Os avós são o máximo!”, preparada por ele especialmente para a data. Natural de Rolante, Martinho foi o vereador mais jovem do município e está escrevendo o livro “A história que não foi contada”, Como material de pesquisa, tem mais de mil fotografias de sua vida. Avô de três netos e amante da música sertaneja, deixou uma mensagem às novas gerações: “Se existisse mais amor, mais fraternidade, mais diálogo entre as pessoas, nós teríamos um mundo muito melhor”.
Dona Marlene, que completará 101 anos em agosto de 2025, também participou das atividades e elogiou a conversa com os profissionais da saúde. Costureira de alta costura, nascida em Encruzilhada do Sul, ela vive em Porto Alegre há oito décadas e escreve todos os dias sobre sua vida em seu diário.
“Escrever é uma forma de desabafo. Já tenho minha biografia”, conta.
Apreciadora da música clássica e de dançar, também deixou um conselho: “Procurar viver em paz e respeitar as opiniões. Ver, ouvir e calar. Para vivermos bem em grupo”.
O momento também foi de reflexão sobre os desafios enfrentados após a enchente de maio de 2024. Segundo o gerente geral Carlos Gomes, a maior dificuldade enfrentada até hoje, mais de um ano e meio após a calamidade, é financeira.
“A maioria das doações que recebemos vinha de pessoas que não têm familiaridade com meios digitais como o PIX. Elas costumavam doar presencialmente, o que foi inviabilizado durante o período das cheias. Precisamos de apoio, principalmente para manter o pagamento da equipe e cobrir custos com medicamentos e oxigênio, que aumentam no período de inverno, por exemplo, que estamos vivendo agora”, explicou.
O Asilo Padre Cacique conta com doações. Para saber como ajudar acesse
www.doecarinho.com.br. Donativos podem ser entregues diretamente na sede do asilo, na Avenida Padre Cacique, 1178, bairro Menino Deus, Porto Alegre (RS), todos os dias, das 7h às 20h.