Expointer é mais do que uma feira agropecuária

  • 4 de setembro de 2023
  • Sol FM

A feira reúne histórias pessoais, impacta o setor agropecuário e sua influência perdura por muitas gerações

Nascida como Exposição Estadual, em Porto Alegre, em 1901, passaram-se 71 anos até que fosse rebatizada como Exposição Internacional de Animais, mais conhecida como Expointer. Dois anos antes, em 1970, o governo havia transferido a sua realização para o recém-inaugurado Parque de Esteio. A feira, que se encerra no domingo (3/9), movimenta a economia do Rio Grande do Sul e oportuniza a realização de diversos negócios nos ramos da agricultura e da pecuária.

Em 2022, com o retorno à modalidade presencial, depois da pandemia, a Expointer atingiu um recorde no número de visitantes, com 750 mil pessoas circulando pela feira, e também de faturamento, batendo os R$ 7 bilhões. Não por menos é considerada a maior feira agropecuária a céu aberto da América Latina.

Os resultados e o sucesso só são possíveis graças ao envolvimento de profissionais de diversas áreas e regiões do Rio Grande do Sul. Anualmente, em todo o processo preparatório e durante os dias da Expointer, em torno de 30 mil pessoas se dedicam para que o evento transcorra de forma tranquila e com o mínimo de percalços.

No cerne do grande espetáculo que é a Expointer, há pessoas apaixonadas e dedicadas que desempenham papéis cruciais para garantir o sucesso da feira. Entre esses protagonistas estão dois funcionários que contribuem significativamente para proporcionar uma experiência de qualidade aos expositores e visitantes. Ambos compartilharam um pouco do que já viveram e como enxergam o impacto das inovações trazidas pela Expointer.

Nelson Costa da Silva

Presente em quase todas as edições da Expointer, o encarregado da capatazia Nelson Costa da Silva acumula quase tanto tempo de casa quanto a feira tem de edições. Folha, como é conhecido no parque, começou a trabalhar com 23 anos e já acumula 42 prestando serviços no Parque Assis Brasil. Com uma trajetória longa assim, ele acumula experiência e histórias vividas.

Aos 65 anos, ainda não pensa em parar de trabalhar, pelo menos enquanto tiver saúde. “Estou na minha 43ª edição da Expointer, ainda com bastante saúde, com mais de 60 anos, muito tempo de casa. Comecei aqui solteiro, hoje já tenho cinco netos e não pretendo deixar o trabalho enquanto me quiserem aqui ou até que as pernas comecem a falhar”, disse, em tom de brincadeira.

O apelido conquistado logo no início da sua trajetória se deve ao gosto por jogos de cartas. “Quando eu vim do interior para cá, gostava muito de jogar cartas e lá, nós costumávamos chamar de folhas. Então, quando eu perguntava ‘quem é que dá folha?’, os colegas achavam engraçado. Com o tempo, passaram a me chamar de Folha. O apelido pegou e até hoje me chamam assim no parque e mesmo fora daqui”, contou.

Atualmente na função de capatazia, Nelson conta que, apesar de ficar encarregado de manobrar as máquinas retroescavadeiras, acaba por dirigir outros veículos quando necessário. Fora isso, sempre que é preciso realizar algum serviço de manutenção, desde encanamentos até pequenos reparos de pavimentação, ele também entra em ação e coloca a mão na massa para manter a estrutura em dia.

Nestas mais de quatro décadas, Nelson também presenciou mudanças relevantes nas formas de trabalho dentro da Expointer. Alguns procedimentos utilizados naqueles primeiros anos da sua carreira hoje acabam sendo até mesmo difíceis de acreditar.

“Quando comecei, era tudo muito manual, inclusive até para fazer a limpeza das baias, onde ficavam os animais. Era tudo com garfo, e para carregar o material, nós usávamos caminhões a gasolina, o que hoje causa bastante estranhamento. Depois, a evolução foi acontecendo, vieram máquinas para fazer esse trabalho e hoje tem uma para cada serviço que nós precisamos fazer”, explicou.

O trabalho na Expointer é tão arraigado na vida de Nelson que o Parque Assis Brasil se tornou a sua segunda casa. Apesar de acontecer somente a partir do final de agosto, o serviço se estende desde maio, após a realização da Fenasul Expoleite, que classifica como um aperitivo para o que virá quase três meses depois.

A feira perpassa toda a vida de Nelson, com momentos tristes e alegres. Nestes anos de trabalho, já perdeu amigos, mas alegrias também chegam para compensar as tensões. “Quando a feira vai se aproximando, meus netos já começam a se animar, pedindo que consiga ingressos para andar nos brinquedos do parquinho. E a gente tenta sempre fazer a vontade deles, para poder ver as crianças felizes. Eu fazia isso pelos meus filhos antes e agora por eles”, disse.

Aurélio Maia

Há 17 anos trabalhando na Expointer, sendo cinco na função de coordenar as equipes de defesa sanitária animal, Aurélio Maia é fiscal agropecuário da feira. Ele e outros 11 profissionais garantem a saúde dos animais expostos. Por eles passam toda a documentação apresentada pelos participantes interessados em participar do evento e a avaliação clínica de cada animal, atestando a saúde.

“O bem-estar animal de todas as espécies é um fator-chave para o desenvolvimento do setor agropecuário, especialmente porque os consumidores têm demonstrado maior preocupação com o processo de produção, desde o nascimento até o abate do animal. E a Expointer proporciona condições para que esta segurança esteja presente na chegada, permanência e saída dos animais do parque”, assegurou.

Como apontado por Maia, o fiscal agropecuário é o responsável por garantir que os alimentos que chegam à mesa do consumidor não causem danos à saúde. Para isso, o profissional se empenha em fazer a proteção dos rebanhos, da lavoura e dos produtos e subprodutos de origem agropecuária. Assim também é promovido o crescimento do agronegócio sem perder de vista a preocupação com a qualidade e a credibilidade.

Destacado no slogan da feira, o crescimento da inovação no campo tem sido uma constante que proporciona inúmeros benefícios para a produção agropecuária. Conforme Maia, os ganhos de produtividade foram expressivos, além de facilitar a gestão e reduzir os custos. Ele aponta a Expointer como uma vitrine que proporciona a divulgação de tecnologias e inovações, sempre em busca de aumentar a produtividade e não deixar de considerar como tudo afeta os recursos naturais.

“É um grande desafio proporcionar o desenvolvimento e manter o crescimento da produção agropecuária, ao mesmo tempo que se tenta reduzir os impactos dessa produção sobre os recursos naturais. A Expointer traz muita informação e tecnologia, colocando tudo ao alcance dos produtores. Por tudo isso, faz com que ela seja cada vez mais importante para o desenvolvimento do agronegócio”, comentou.

O fiscal agropecuário ainda aponta que o aprimoramento das espécies de animais tem importância fundamental na busca pelo aumento nas taxas de produtividade. Ele ressalta, como exemplo, o fato de consumidores terem se tornado mais exigentes quanto à qualidade da carne bovina, com atenção a características como maciez, sabor e suculência, que estão associadas ao manejo dos animais. Maia explica que este aperfeiçoamento tem sido buscado por meio do melhoramento genético das raças.

A Expointer não é apenas uma feira agropecuária. É um evento enraizado na história, cujo sucesso se deve à dedicação incansável de pessoas como Nelson que, com mais de quatro décadas de comprometimento, personifica a essência da feira. Além disso, profissionais como Maia demonstram que a Expointer não é apenas um local de exposição, mas um centro de inovação e cuidado, onde o crescimento da produção agropecuária é harmonizado com a preservação dos recursos naturais e a excelência na qualidade dos produtos. A Expointer é um testemunho do poder da paixão, experiência e inovação no setor agropecuário, e sua influência positiva perdurará por muitas gerações.


GOV RS | Texto: Thales Moreira/Secom | Edição: Vitor Necchi/Secom | Fotos: Gustavo Mansur/Secom
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