As medidas tarifárias impostas pelos Estados Unidos no último ano trouxeram reflexos negativos na economia global e atingiram diretamente o Brasil. Segundo dados apresentados pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), o comércio mundial registrou retração de US$ 323 bilhões, o que representa queda de 1,5%. Para o Brasil, as consequências incluem redução de 0,13% no PIB, o equivalente a R$ 15 bilhões, além da perda estimada de 94 mil postos de trabalho.
O tema foi debatido na reunião-almoço do Conselho de Economia e Comércio Exterior (CECEX), realizada nesta quinta-feira (11/09), na Fecomércio, e que contou com a participação institucional do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Rio Grande do Sul (SETCERGS), representado pelo presidente, Delmar Albarello.
De acordo com o estudo apresentado, os prejuízos afetam diretamente as relações comerciais brasileiras: retração de US$ 15 bilhões nas exportações, queda de US$ 23 bilhões nas importações e recuo de US$ 2,8 bilhões nos investimentos. No cenário internacional, os Estados Unidos tiveram impacto negativo de 0,21% no PIB e a China de 0,7%.
“Por aqui os efeitos se distribuíram de forma desigual entre os estados brasileiros. São Paulo liderou as perdas, com R$ 5,67 bilhões a menos no PIB, seguido pelo Rio Grande do Sul, com retração de R$ 1,98 bilhão, e pelo Rio de Janeiro, com menos R$ 1,6 bilhão. Dentre os cinco estados que mais exportam para os EUA, o RS é o mais impactado: 85,7% de seus embarques continuam taxados”, afirmou o economista de comércio externo e política internacional da FIERGS, Maicon Ribeiro.
As exportações da indústria de transformação gaúcha para os Estados Unidos registraram queda de 19% em agosto de 2025, passando de US$ 158,2 milhões no mesmo mês de 2024 para US$ 128 milhões neste ano. Segmentos tradicionais foram os mais afetados, como armas e munições (-69,1%) e celulose, que deixou de ser exportada (-100%).
Esse cenário tem reflexo direto no transporte rodoviário de cargas, setor que acompanha a dinâmica das exportações, especialmente nas conexões entre indústrias e portos e aeroportos de onde partem as mercadorias. A queda em segmentos tradicionais reduz o volume de fretes, enquanto o crescimento em nichos específicos exige reorganização logística. Essa relação de dependência reforça a campanha institucional do SETCERGS, “Tudo Gira Sobre Rodas”, que evidencia o papel central do transporte como elo vital da economia.