Hospital lançou vídeo com depoimento de paciente e cursos de formação na área
A cada 38 minutos, uma pessoa morre no Brasil vítima de câncer de próstata. De janeiro até aqui, um entre mil gaúchos descobriram ter essa doença, de acordo com estimativas. É o segundo tipo mais comum de tumor entre os homens, matando em torno de 15 mil brasileiros todos os anos.
Porém, as chances de cura e de uma vida normal após o tratamento aumentam quanto mais cedo ocorrer o diagnóstico. Técnicas avançadas, como a cirurgia robótica, fazem com que o Rio Grande Sul tenha uma das mais altas taxas do mundo de sucesso e preservação da função urinária e sexual do paciente. A retirada completa do tumor é possível em 94% dos casos.
Buscando conscientizar a população masculina sobre o tema, o Hospital Moinhos de Vento está desenvolvendo uma série de ações durante o Novembro Azul. Para o chefe do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento, Eduardo Carvalhal, combater a doença passa, em primeiro lugar, por superar os preconceitos. “Infelizmente, ainda existe uma resistência muito grande com os exames de diagnóstico, especialmente o toque retal. Muitos acham que pode afetar a masculinidade do paciente. Mas não há risco algum. É apenas um exame médico completo e fundamental”, esclarece o urologista.
Exames para diagnóstico
Eduardo Carvalhal ressalta que o câncer de próstata pode ser identificado a partir da combinação de dois procedimentos. O primeiro é a dosagem do antígeno prostático específico (PSA), por meio da coleta do sangue do paciente. O segundo envolve o exame de toque retal, em que se verifica a existência de alguma alteração de tamanho, presença de nódulos (caroços) ou tecidos endurecidos (possível estágio inicial da doença).
De acordo com o especialista, a maioria dos homens apresenta um nível de PSA abaixo de 4 ng/ml. No entanto, mesmo dentro do patamar de normalidade, podem ter um tumor maligno, às vezes até mais agressivo. Em razão disso, o exame de sangue não pode ser a única forma de diagnóstico.
O urologista aponta que, em casos iniciais e de baixa agressividade, uma estratégia que tem sido adotada é a da vigilância ativa – sem necessidade de intervenções no primeiro momento. “Um dos maiores desafios, hoje em dia, não é somente diagnosticar a doença. É avaliar quais pacientes realmente necessitam tratamento e quais podem ser acompanhados, que costuma variar entre 20 e 30% dos novos diagnósticos. Isso reduz riscos e a necessidade de intervenção”, salienta.
A história de quem já enfrentou a doença
Para alertar os homens, o Hospital Moinhos de Vento está compartilhando o depoimento de um paciente que enfrentou a doença. É um vídeo com a participação do agente de investimentos Marcos Eugenio Peres e dos médicos que o atenderam. O material aborda diagnóstico, tratamento e recuperação.
Peres conta que descuidou da prevenção, ficando cinco anos sem fazer os exames. Num check up recente, foi surpreendido pelo resultado. Desde então, percebeu que não era o único na família a passar pelo drama de um diagnóstico de câncer. “Descobri que um tio fez a cirurgia, mas ninguém tinha comentado. A mulher costuma buscar o atendimento. Já o homem espera a dor extrema. Não podemos deixar isso acontecer”, aconselha Marcos. Confira o vídeo!
Cirurgia robótica
A campanha aborda também os tipos de tratamento disponíveis. Os mais comuns são radioterapia e cirurgia. Entretanto, cada caso deve ser avaliado pelo médico, em conjunto com o paciente.
Uma nova técnica que tem apresentado algumas das melhores taxas de sucesso é a cirurgia robótica. De acordo com o coordenador do Núcleo de Cirurgia Robótica do Moinhos de Vento, André Berger, o Rio Grande do Sul possui uma das equipes mais experientes na área. São mais de três mil casos atendidos e um dos melhores resultados da América Latina. Só na instituição, já foram realizadas mais de 200 procedimentos.
O conhecimento desses profissionais é compartilhado com equipes de outras regiões do Brasil. Neste mês, foi realizado o curso Hands On, de introdução à Cirurgia Robótica, e o 2º Workshop de Cirurgia Robótica.
Novo curso de formação
O Hospital também está lançando um curso de extensão com objetivo de preparar cirurgiões para operar com robôs. A primeira turma inicia a formação em março de 2020. Com duração de seis meses e dividido em módulos mensais, a programação abordará em detalhes os aspectos técnicos dos procedimentos robóticos urológicos. Os profissionais farão uma imersão na tecnologia. O último módulo será realizado na University of Southern California (USC), instituição americana que é referência mundial na área.
O coordenador do Núcleo de Medicina Robótica do Moinhos de Vento ressalta que o curso supre uma lacuna importante na formação de cirurgiões robóticos no Brasil. “Com essa capacitação, os colegas terão contato com o time que tem uma das maiores experiências do mundo em educação e disseminação de conhecimento nessa área. E poderão se familiarizar com a tecnologia”, conclui Berger.
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