Cenário obrigou muitas mulheres a abrirem mão do trabalho para cuidar dos filhos
Durante a pandemia da COVID-19, o percentual de mulheres que estavam trabalhando ficou em 45,8% no terceiro trimestre de 2020, segundo os dados recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O nível mais baixo desde 1990, quando a taxa ficou em 44,2%. A consultora de recursos humanos da RH Mattos, Renata Scalco, fala sobre as desigualdades e exclusividades no mercado de trabalho.
“Enquanto houver profissões que sejam vistas como masculinas ou femininas, não vamos diminuir as diferenças. As mulheres estão tentando entrar em alguns mercados, por exemplo, na área industrial. Estão se aperfeiçoando, fazendo cursos técnicos e profissionalizantes e acabam trabalhando no comércio ou precisam se reinventar devido à restrição existente no segmento”, diz.
A pandemia, segundo a especialista, também contribuiu com essa desigualdade devido ao fechamento das escolas, que obrigou algumas mulheres a abrirem mão do trabalho para cuidarem dos filhos. Além disso, houve um volume grande de demissões em setores como comércio e serviços, que foram muitos afetados e empregam majoritariamente mulheres.
Por outro lado, existem empresas que fazem movimentos de abertura e profissões que registram maior crescimento no preenchimento de vagas por mulheres.
“Vemos uma crescente exponencial na área da saúde, onde é composta por muitas mulheres. Podemos dizer que ela é dominada e vista como um segmento feminino, especialmente quando falamos dos setores de atendimento e técnico de enfermagem, que conta com a parte mais assistencial. Além do crescimento na área de gestão, porque as habilidades das mulheres vêm sendo valorizada quando se trata de trabalhar com pessoas”, destaca.
Scalco enfatiza que a cultura valoriza mais a diversidade de gênero ou de raça, mas ainda é difícil atravessar todos os setores e níveis hierárquicos até chegarem nos processos seletivos.
“Não vejo uma expectativa de mudança radical, mas uma abertura para escuta. Por exemplo, em processos em que a preferência era por homens, mas que podem identificar mulheres que atendam um determinado perfil. As empresas estão mais abertas para escutar e pensar nesta flexibilização. É um degrau de cada vez, são pequenos espaços e movimentos, mas notamos que quem já experimentou essa mudança de composição teve resultados positivos”, conclui.
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