Os ovinos de corte da raça Texel são rústicos e muito dóceis. Originários da Ilha Texel, na Holanda, foram introduzidos no Brasil há cerca de 50 anos. Alguns desses exemplares, aproximadamente 150, habitam a propriedade Costa da Serra, em Osório, que possui 93 hectares. “Vivem soltos no campo a maior parte do tempo”, contou o produtor e médico veterinário aposentado da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Clairton Marques. Ele vai participar da 47ª Expointer com quatro animais, variedade branca, com um ano de idade: duas fêmeas e dois machos.
“Sou criador desde 1985 e trabalho com animais puros, documentados, registrados. Tenho uma área criatória, vendo reprodutores aqui na propriedade e levo em feiras e exposições como a Expointer, da qual participo há uns 15 anos com ovinos. Com bovinos, sou expositor desde a fundação do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, em 1970”, acrescentou Marques.
Segundo ele, os animais são preparados para participarem da Expointer desde a seleção genética. “Nós trabalhamos com genética, então iniciamos o preparatório para melhoramento animal já na aquisição de carneiros, para cruzarem com as ovelhas, ou de sêmen, para inseminação artificial. A qualidade é comprovada para a finalidade de comércio”, pontuou o produtor. “Deu a gestação, já observamos os animais desde o nascimento, desde cordeirinho, ao pé da mãe, mamando”, disse Marques. “Desde aí, fazemos um tratamento alimentar de nutrição da mãe. E eles, com um mês de idade, já comem com a mãe no cocho.”
Marques explicou que a alimentação do rebanho melhorado é especial, feita por um nutricionista e médico veterinário, de acordo com cada idade. Com quatro meses, o cordeiro desmama e vai para a pastagem, com a introdução de outra ração. “A vantagem principal da nova nutrição, com melhor proteína, é a digestibilidade”, comentou. “Há uma ração específica para cada fase dos animais.”
Após o desmame, os ovinos são observados quanto ao melhor fenótipo (características de aparência), melhor ganho de peso e melhor comportamento na parte nutricional. “Quando eu defino os animais que vão para a Expointer, a alimentação é mais qualificada. Além da ração concentrada, eles recebem pastagens de inverno, como aveia, azevém, trevo e cornichão”, acrescentou Marques.
O conteúdo da ração inclui alfafa moída, casca de soja, farelo de arroz, milho moído grosso, milho grão inteiro, farelo de soja, óleo de cozinha e melaço de cana.
O trabalho com os animais que vão para a Expointer começa em janeiro do mesmo ano, quando passam a comer três vezes por dia: de manhã, ao meio-dia e à noite. “A alimentação do meio-dia é dada cerca de dois meses antes da feira para acelerar o ganho de peso. Eles têm que atingir um peso mínimo: o macho de um ano tem que ter 80 quilos, enquanto a fêmea da mesma idade tem que pesar 60 quilos. Mas as minhas aqui têm mais de 80 quilos, e os borregos (machos reprodutores) estão com mais de 100 quilos”, contou Marques com orgulho.
Animais são estabulados antes da Expointer
De acordo com o médico veterinário, antes da feira, os animais ficam em estábulos pelo menos durante um turno do dia, ou à noite. “No último mês anterior ao evento, eles ficam praticamente só presos. Só vão para o potreiro dar uma caminhada, para aliviar as patas. Tem que ter um cuidado no preparo final”, destacou Marques. “Para entrarem na Expointer, além da parte sanitária, os ovinos precisam fazer exame de sêmen, que é a parte zootécnica”, complementou.
Estética e amansamento
Os cascos dos animais recebem cuidados especiais. “Fazemos a correção deles até duas vezes por ano. Os que vão para a Expointer, como ficam muito presos no galpão, as unhas crescem um pouco mais do que quando estão soltos. Então cortamos a cada mês. É o preparo de unha”, esclareceu o produtor. “E 20 dias antes, devem ser tosados para que a lã não ultrapasse um centímetro de comprimento”.
Outro cuidado necessário é amansar os animais para a feira, o que é feito desde que são escolhidos. Desde pequenos recebem buçal (arreio) e caminham junto ao preparador para participarem das provas de julgamento, onde têm que ser conduzidos. “Meus ovinos participam das provas de julgamento da raça, em categorias de acordo com a idade”, afirmou Marques.
Ele já foi campeão na categoria Borregos na Expointer. “Eu uso bons sêmens. Há três anos, compramos uns da Inglaterra e inseminamos 24 ovelhas. Esses que vão para a Expointer são filhos de carneiros ingleses. A gente faz esse investimento para melhoramento genético”, destacou o produtor.
Marques já foi jurado em várias exposições no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, e continua recebendo convites até hoje. Na Expointer, já foram dez participações. “Já faz 30 anos que julgo Texel”, disse com satisfação. “Claro que não nas provas que meus animais participam”, fez questão de frisar.
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