Rio Grande do Sul tem má distribuição de médicos e pode ter pedidos de novos cursos de medicina negados, acentuando carência de serviços de saúde

  • 5 de setembro de 2024
  • Sol FM

93.3% das Regiões de Saúde do estado não atendem recomendação de ter pelo menos 3,73 médicos por mil habitantes

O Rio Grande do Sul, duramente afetado por uma catástrofe climática, carece de médicos e o cenário tende a piorar, já que o MEC pode negar 13 pedidos de abertura de novos cursos e nove pedidos de aumento de vagas de medicina no estado.

Para a OCDE, o ideal é haver 3,73 médicos para cada mil habitantes em cada região de saúde. Entretanto, no RS, 93,33% das regiões de saúde estão abaixo dessa marca. Mesmo com a disparidade, o MEC tende a rejeitar a abertura de novas vagas de medicina, usando critério que foca nas cidades e não nas regiões de saúde – na contramão do que a própria Lei dos Mais Médicos aponta.

“A lei do Mais Médicos definiu que a apuração da relevância e necessidade social para implantação de novos cursos de medicina deve levar em consideração a região de saúde, e não apenas o município.  Contudo, o MEC e a SGTES/MS vêm, sistematicamente, ignorando o critério legal e restringindo a possibilidade de criação de novos cursos de medicina somente com base em dados do município”, explica Esmeraldo Malheiros, da AMIES (Associação dos Mantenedores Independentes Educadores do Ensino Superior).

Presidente do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), Rafael Henn, vê com preocupação o cenário. “Nos causa espanto as negativas do MEC para abertura de novos cursos e novas vagas em medicina. Considerar a relação de 3,73 médicos por mil habitantes nos municípios não faz sentido, o correto sempre foi olhar pela ótica das regiões da saúde, que abrangem uma gama maior de municípios e trazem um cenário mais preciso e realista da região”, afirmou.

Com mais de 10 milhões de habitantes e mais de 54 mil médicos especialistas, o Rio Grande do Sul tem 20% de regiões com até 1,7 médico por mil habitantes. Cidades fortemente afetadas pelas enchentes, como Bento Gonçalves e Estrela, por exemplo, fazem parte de regiões com número de médicos abaixo do recomendado.

“A medicina tem um papel social muito importante. Logo nos primeiros dias das enchentes, os alunos e professores de diversas especialidades (pediatras, fisioterapeutas, psicólogos) se reuniram proativamente e foram aos abrigos para prestar atendimento às vítimas de forma imediata. Além da questão humana, as universidades comunitárias também disponibilizaram a sua estrutura física abrigar a população. A Unisinos recebeu mais de 1.800 pessoas e sem nenhum custo. Precisamos sim de mais médicos para seguir auxiliando a população e para ajudarmos na reconstrução do estado”, concluiu Rafael.

Entre as especialidades médicas que contam com número reduzido de profissionais atuando no Rio Grande do Sul destacam-se: alergista e imunologista (42 médicos), cancerologista pediátrico (38 médicos), geneticista (33 médicos), sanitarista (18 médicos).


Tree Comunicação | Assessoria de imprensa – AMIES

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