Seminário sobre certificação halal apresenta oportunidades para ampliar negócios entre RS e países árabes

Objetivo é aumentar as exportações para regiões consumidoras de produtos fabricados conforme orientação mulçumana

A Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com apoio do Departamento de Promoção Comercial e Assuntos Internacionais (DPCI) da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), promoveram nesta terça-feira (23/4) o seminário Road Show Halal do Brasil Rio Grande do Sul. Halal é um termo árabe que se refere a produtos e processos que estejam em conformidade com a Sharia, a lei islâmica. O objetivo do evento é divulgar o projeto Halal do Brasil, que apresenta os requisitos necessários para a produção receber a certificação e fortalecer as relações comerciais entre o Rio Grande do Sul e os países árabes.

Entre as regras para receber a certificação halal, estão preceitos éticos e morais, além de questões técnicas como, por exemplo, a proibição de contato com produtos de origem suína ou alcoólicos durante o processamento. A importância de entrar neste mercado está relacionada, principalmente, com a estimativa de crescimento acentuada de consumidores nos próximos anos. Além de englobar os 57 países membros da Organização para Cooperação Islâmica (OCI), que correspondem a quase 2 bilhões de pessoas, produtos halal também atingem públicos atentos às questões ambientais e de segurança alimentar, atributos que integram os preceitos da certificação.

“Estamos falando de um mercado gigante, que é o terceiro principal destino das exportações gaúchas, no geral, e o segundo do nosso agro, com um grande potencial a ser explorado ainda. Esse é o nosso desafio, no qual estamos trabalhando, enquanto governo, e em parceria com outras entidades e a iniciativa privada”, disse o titular da Sedec, Ernani Polo, em sua fala durante o evento. Atualmente, o Estado exporta para países árabes carne de aves, trigo, tabaco, pastas químicas de madeira e óleo de soja.

Yure Jaruche, executivo de vendas e auditor técnico da CDIAL Halal, certificadora avalizada pelos principais órgãos oficiais dos Emirados Árabes e do Golfo Pérsico, salientou como a certificação abrange áreas em toda a cadeia produtiva, desde a matéria-prima, passando por instalações e áreas comerciais até a qualificação da mão de obra. Também explicou quais produtos e processos são proibidos, chamados de “haram”.

Etapas halal

O procedimento para a certificação halal começa com a rastreabilidade, com normativas específicas para produtos e produtores a partir daquilo que a empresa interessada em se certificar apresenta. Após, se trabalham as adaptações que precisam ser feitas para adequar os processos de acordo com a halalidade e com os países para os quais se quer comercializar. Jaruche explicou que, mesmo a religião sendo a mesma, alguns mercados têm critérios únicos, de acordo suas filosofias. Por fim, um auditor técnico e outro religioso fazem uma avaliação e, se tudo estiver em conformidade, expedem o certificado.

Mel gaúcho halal é case de sucesso

Durante o evento, foi apresentado o case da empresa apicultora Barrufi, de Osório, no Litoral Norte gaúcho. A empresa familiar, que tem mais de 7 mil colmeias e produz de 20 a 30 toneladas por mês de mel, adotou há dois anos o sistema halal. Em 2001, começou a exportar sua produção, que hoje já está na mesa dos Estados Unidos, Alemanha, Canadá e Itália. O CEO da empresa, Cleber Barrufi, contou que a decisão para entrar no mercado halal surgiu a partir da identificação de falta de fornecedores para esse público. Desde então, foram dois anos trabalhando para conquistar o selo, concedido à empresa em 23 de novembro de 2023.

“O selo permitiu que aumentasse a possibilidade de entrar em outros países. Hoje estamos preparando a documentação para entrada na Arábia Saudita, Dubai, Jordânia e Indonésia, países onde a certificação halal representa uma grande vantagem competitiva em razão do grande número de muçulmanos”, reforçou.

Sobre as adaptações que precisaram ser feitas, Barrufi esclarece que, como não pode ter vestígios de suíno ou álcool etílico no processo, foi preciso adequações dentro da planta e mudança de fornecedores. “O produto que vem de apicultores de outras propriedades também passa por um processo para atestar sua halalidade. Os lotes de mel ficam por 15 dias em quarentena e passam por uma análise de DNA em um laboratório alemão. Também se analisa o perfil polínico, para identificar de qual florada o mel é originário e garantir que o produto que o consumidor está recebendo esteja de acordo com o que está sendo ofertado”, realçou.


GOV RS | Texto: Ascom Sedec | Edição: Camila Cargnelutti/Secom | Foto: Alexandre Farina/Sedec

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