Na manhã desta terça-feira, 03 de dezembro, equipes do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) coletaram amostras de água em dois pontos do Arroio Dilúvio, para começar a investigar o surgimento de peixes mortos no local. Eles passam boiando pela água e se acumulam na ecobarreira, a poucos metros do Guaíba. A linha de contenção represa centenas de peixem em meio ao lodo e ao lixo.
As amostras foram coletadas nos cruzamentos das avenidas Ipiranga com a Praia de Belas e com a João Pessoa. “Primeira vez que acontece dessa quantidade e desse tamanho, peixes adultos”, comenta o operador da ecobarreira Cláudio Lopes, que trabalha no local desde o início do projeto, há cerca de três anos e meio. “Apesar da sujeira do arroio, os peixes sobrevivem, eles passam e desovam. Nunca aconteceu de aparecer essa quantidade”, completa.
Cláudio explica que a barreira fica totalmente fechada para que o lixo seja recolhido. “Quando acontecem coisas atípicas assim, a barreira permite abrir um meio metro para esse material passar, os peixes passam e eu recolho o lixo mesmo.”
A RBS TV consultou o coordenador de Engenharia Ambiental da Uniritter sobre o assunto. Para ele, os peixes entram em uma espécie de armadilha. Carregados pela chuva, acabaram sem oxigênio quando o nível do Dilúvio baixou.
“Como nós passamos por um período chuvoso muito intenso, [a chuva] carregou matéria orgânica para dentro do arroio (…) A cheia facilita o acesso dos peixes e, com a época da migração, eles vão subir ao arroio e, aí, com o nível que vai baixando, eles podem ficar represados e se concentrarem em algum ponto. Com o aumento dessa população e a diminuição do curso hídrico, vai diminuir a taxa de oxigênio, que pode causar a mortandade”, analisa.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade vai na mesma linha e atribui o aumento da poluição devido ao despejo de esgoto, já que o dilúvio recebe descarte desde sua nascente, em Viamão, passando por diversas ocupações irregulares.
Motivos naturais também não são descartados. A secretaria orienta ainda essas comunidades a ligarem suas redes de esgoto ao sistema de saneamento do município.
O volume de animais mortos nesta terça no arroio impressionou quem passava pelo local. “Isso, para mim, faz parte de um descaso da administração pública (…) A gente tem o nosso direito a voto, nós elegemos as pessoas que estão no poder e cabe à população fazer a fiscalização, e a gente não tem feito isso de uma forma intensiva”, diz o advogado Thomaz Frank Bergman.
“Tristeza. O pessoal não dá jeito. Também, o povo não tem a consciência de colocar o lixo onde tem que colocar, e aí acontece isso”, lamenta a dona de casa Ângela Cunha.
“Eu acho um descaso, e a própria população também não ajuda. Todo mundo coloca de tudo no arroio, tudo desemboca aqui, então não tem como ser uma coisa melhor. É bem triste, nossa cidade mereceria coisa melhor”, completa o aposentado Márcio Pirillo.
NÃO ESQUEÇA DE DEIXAR SEU COMENTÁRIO
MAIS DA SOL FM
Copyright © 2019 Radio Sol 107,3 FM - Rolante - RS - Brasil - www.sol.fm.br