Promovido pelo governo do Estado, o programa Sustentare atingiu a marca de mil toneladas de material eletrônico desmontado de forma ambientalmente segura e socialmente responsável no sistema penitenciário no ano de 2022.
A parceria entre a Secretaria de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS), a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), o Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (Procergs) e a Empresa JG Recicla emprega, atualmente, 28 pessoas privadas de liberdade, 19 homens da Pecan e nove mulheres da Penitenciária Estadual Feminino Madre Pelletier, por meio de termo de cooperação.
O trabalho desenvolvido, de separar objetos como metais, placas e plásticos para serem utilizados para outros fins, beneficia instituições sociais e governamentais por meio da doação de eletroeletrônicos recondicionados. As práticas de sustentabilidade ambiental e de responsabilidade social resultam no reaproveitamento otimizado e na racionalização dos recursos públicos lógicos e físicos. O programa também está alinhado ao objetivo de ressocializar as pessoas privadas de liberdade.
“Sabemos que as pessoas que estão cumprindo pena no sistema prisional ganharão a liberdade em algum momento e precisamos oferecer oportunidades e qualificações para que possam enxergar novas perspectivas para suas vidas”, disse a secretária-adjunta da SJSPS, Carolina Ramires.
Para a superintendente-adjunta dos Serviços Penitenciários, Michele Cunda, ações como as do Sustentare estão alinhadas à principal missão da Susepe: a reinserção social das pessoas privadas de liberdade. Atualmente, no sistema prisional gaúcho, 13.357 pessoas privadas de liberdade trabalham. Desses, 2.163 são remunerados por meio de termos de cooperação firmado entre empresas e a Susepe.
O proprietário da Empresa JG Recicla, Joelsom Gonçalves, responsável pela contratação dos apenados, lembrou de como o trabalho na reciclagem transformou sua vida, de uma condição de vulnerabilidade no município de Alvorada para a de empresário. Ele iniciou na reciclagem como catador. “As opções que se mostravam eram todas para um lado ruim, e eu decidi ter um caminho diferente. A reciclagem ‘me abraçou’. Qualquer lugar do mundo vai me empregar, se eu estiver no Japão ou Estados Unidos, eu sou um profissional. Cada apenado que está saindo daqui passa essa mensagem. Qualquer lugar do mundo precisa de reciclagem, e eu venci dentro desse mercado, que mudou minha realidade”, disse.
Motivo de orgulho e geração de renda
Durante o evento que celebrou a conquista, realizado nesta quinta-feira (8/12), na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), o diretor da instituição, Loivo Machado, e a diretora do Madre Pelletier, Rafaelle Fernandes, receberam uma placa alusiva à marca histórica. Além disso, um representante dos trabalhadores da Pecan e uma das do Madre Pelletier falaram ao público sobre o significado de participarem da atividade.
“A principal função do projeto para nós, presas, é que aprendemos muito, nos ocupamos e nos reeducamos. O serviço é pesado, suado, mas temos o maior orgulho de trabalharmos os dois turnos, pois, além do sentimento de ser útil, conseguimos nos manter ocupadas enquanto estamos no regime fechado. Estamos aprendendo um ofício para trabalharmos na rua”, disse a apenada do Madre Pelletier.
“Para mim, é motivo de orgulho e muito gratificante atingirmos esta meta de mil toneladas de lixo eletrônico sendo reciclado. Além disso, temos este um quarto de salário mínimo que recebemos (valor recebido por meio dos termos de cooperação), que ganhamos todos os meses e que ajudou nossos familiares que estão lá fora”, afirmou o apenado da Pecan.
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