Ambiente de juros altos sufoca empresas médias e empurra indústria para modelos alternativos de crédito

  • 12 de dezembro de 2025
  • Sol FM

Com o acesso ao crédito tradicional cada vez mais seletivo e caro no Brasil, novas modalidades mais simples, rápidas e descentralizadas ganham força ao oferecer alternativas mais eficientes para empresas e consumidores que precisam de capital sem enfrentar a burocracia dos grandes bancos

O ano de 2025 tem exposto, com mais clareza do que nunca, a dificuldade das indústrias brasileiras, especialmente as de médio porte, em acessar crédito para manter suas operações e financiar crescimento. O ambiente de juros elevados, a política monetária restritiva e a maior seletividade dos bancos têm feito o custo do capital disparar, afetando diretamente a produção e a capacidade de investimento das empresas. Embora a inflação esteja em desaceleração, fechando o ano em 4,45%, a taxa Selic permanece em 15% ao ano, o maior patamar desde 2006, o que torna o crédito proibitivo para parte significativa do setor industrial. As projeções do mercado indicam que, mesmo em 2026, a taxa básica deve seguir acima dos dois dígitos, encerrando o próximo ano por volta de 12,5%, o que mantém o cenário ainda pressionado.

Esse ambiente ajuda a explicar por que a produção industrial, que encerrou 2024 com um avanço importante de 3,1%, o terceiro melhor desempenho em 15 anos, passou a mostrar sinais de desaceleração ao longo de 2025. Os dados mais recentes do IBGE apontam quedas consecutivas, incluindo recuos de 0,4% entre agosto e setembro e de 0,2% em julho, interrompendo o ritmo de recuperação observado no ano anterior. Mesmo setores que lideraram o crescimento em 2024, como veículos automotores (+12,5%) e equipamentos eletrônicos (+14,7%), enfrentam maior dificuldade de financiar estoques, modernização e expansão fabril.

Para Thiago Eik, CEO da Bankme, a combinação entre juros altos e avaliação conservadora por parte das instituições financeiras têm produzido um efeito cascata no setor produtivo. “O custo do dinheiro subiu e os bancos se retraíram. A indústria de médio porte, que já costuma enfrentar mais barreiras por ser vista como um segmento de maior risco, acabou ficando ainda mais pressionada. Hoje, vemos empresas com boa capacidade produtiva e carteira ativa de clientes sendo impedidas de crescer por falta de crédito acessível”, afirma. Ele destaca que a assimetria de informações continua sendo um dos grandes entraves: muitas indústrias sofrem para comprovar fluxo de caixa de forma contínua, o que faz com que pedidos de crédito sejam negados mesmo em casos de empresas saudáveis.

O setor industrial, por outro lado, vive um momento ambíguo: enquanto o crédito se estreita, os investimentos públicos e privados avançam em ritmo acelerado. Com um ano de implementação, o programa Nova Indústria Brasil (NIB) já mobilizou R$ 3,4 trilhões em investimentos, sendo R$ 1,2 trilhão de recursos públicos e R$ 2,2 trilhões provenientes do setor produtivo. Apenas o “Plano Mais Produção” aprovou R$ 384,4 bilhões em projetos entre 2023 e 2024. Esses números evidenciam o alto potencial de reindustrialização do país, mas também escancaram o distanciamento entre grandes grupos, capazes de captar recursos, e empresas médias que dependem do sistema financeiro tradicional.

E é justamente sobre essa disparidade que recai a preocupação para 2026. A expectativa de queda gradual da Selic não deve ser suficiente para destravar o crédito no próximo ano. Mesmo com uma taxa projetada entre 12% e 12,5% ao final de 2026, os bancos devem manter análises rígidas, exigência elevada de garantias e pouca disposição para assumir risco em empresas industriais de médio porte. “Mesmo com uma possível queda da taxa básica, o crédito não vai se destravar de um dia para o outro. O desafio será ainda maior para quem não tiver dados organizados, fluxo de caixa previsível e garantias. Por isso, veremos uma procura crescente por plataformas e fintechs que conseguem analisar risco com mais precisão e oferecer condições mais justas. O crédito privado deve ganhar protagonismo”, projeta Eik.

Com a produção industrial oscilando e o custo do capital ainda alto, o planejamento financeiro torna-se obrigatório para as empresas que desejam atravessar o período com segurança. A organização de dados, o fortalecimento do controle de caixa e a busca por parceiros que entendam o ciclo de produção de cada empresa devem ser diferenciais competitivos em 2026. “O empresário que se preparar agora: organizando dados, melhorando seus controles e buscando parceiros financeiros que entendam seu modelo de negócio, terá vantagem no próximo ciclo. O crédito continuará difícil, mas não impossível. A diferença estará em quem consegue provar sua capacidade de execução”, conclui o CEO.

Nesse cenário, alternativas ao sistema financeiro tradicional começam a ganhar espaço entre as indústrias. Modelos como os mini bancos corporativos, que permitem que empresas operem seu próprio ambiente de crédito com autonomia, regras personalizadas e análise baseada em dados reais do negócio, têm se consolidado como uma alternativa eficiente para driblar a burocracia e a seletividade dos bancos. Na prática, essas estruturas descentralizadas permitem que a própria empresa tenha acesso rápido a capital de giro, antecipação de recebíveis e linhas estruturadas conforme seu fluxo de caixa, reduzindo custos e ampliando previsibilidade. Para Eik, soluções desse tipo devem ganhar ainda mais relevância em 2026, à medida que companhias buscam caminhos mais ágeis e inteligentes para financiar expansão, equilibrar caixa e sustentar produção em um ambiente ainda marcado por juros altos e crédito restrito.

 

Sobre a Bankme

A Bankme é uma fintech que apoia médias empresas na superação dos desafios de crédito e gestão de caixa. Por meio da estruturação de Mini Bancos, operações de crédito internas e reguladas, as empresas podem antecipar recebíveis, alongar prazos e rentabilizar capital com mais autonomia. Utilizando instrumentos como debêntures e securitização, os Mini Bancos permitem que empresas financiem seus próprios parceiros, com recursos da PJ ou PF (sócios e investidores). Em poucos dias, essas organizações passam a operar com mais eficiência financeira, reduzindo custos e criando novas fontes de receita. Atualmente, a Bankme conta com mais de 200 Mini Bancos ativos, além do apoio de fundos como DOMO VC, Apex Partners e Bamboo.


JN Assessoria de Imprensa | Foto: Divulgação/Freepik

NÃO ESQUEÇA DE DEIXAR SEU COMENTÁRIO

É muito importante pra gente saber sua opinião

MAIS DA SOL FM

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE