Entidade destaca dificuldades no manejo e aumento dos custos de produção para a safra 2024/2025
O excesso de chuvas neste final de ano e a ajuda aos pequenos produtores da região Central do Estado, que não chegou até a ponta da cadeia, sinalizam possível redução de área plantada. O alerta é da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul, em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira, 10 de dezembro. Conforme a entidade, 31% da área ainda não foi plantada naquela região.
O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, destacou que o ano foi de muitos desafios, decorrentes não só do clima e da comercialização, mas também da interferência do governo federal. Velho também afirmou que o reflexo das enchentes, após dois anos de seca, será visto na colheita, inclusive da soja, pelos produtores que trabalham com as duas culturas. “É preciso manter altas produtividades, e tenho indicativos claros de que, nesta safra, possivelmente teremos aumentos no custo de produção em função da recuperação estrutural das propriedades, com canais de irrigação, sistema de drenagem, estruturas de armazenamento”, explicou o presidente. Ele ressaltou que, na região Central, por exemplo, os produtores precisam recuperar o solo, onde houve muita erosão, e que esses pequenos produtores não foram atendidos pelas ajudas governamentais. “Os valores não chegaram na ponta”, justificou.
Em relação à área plantada, a pouca luminosidade em razão das chuvas, principalmente neste fim de ano, foi abordada pela Federarroz. A entidade repercutiu os números anunciados pelo Instituto Riograndense de Arroz (Irga), que contabilizou, até 5 de dezembro, que faltam plantar 5% do total previsto para o RS, sendo que na região Central ainda faltam 40 mil hectares (31%). “Isso mostra que os problemas não foram resolvidos e o indicativo é de que não se confirme os 948 mil hectares de lavoura plantada, conforme anunciado pelo Irga. Além disso, temos uma lavoura muito complicada no que diz respeito ao manejo de plantas invasoras, aplicação de uréia e posteriormente a irrigação, pois as chuvas têm atrasado muito o trabalho”, complementou Alexandre Velho. Ele ressaltou o risco de baixa produtividade em relação ao esperado.
No que se refere a preços, o presidente da Federarroz se mostrou preocupado. “Penso que o governo fez um movimento desnecessário em lançar contratos de opção com sinalização muito baixa de preço, o que traz uma expectativa de preços abaixo do custo de produção”, apontou Alexandre Velho. Hoje, o custo do arroz irrigado varia entre R$ 90,00 e R$ 100,00 a saca, conforme as regiões. “O Rio Grande do Sul dificilmente teria interesse em participar dos contratos de opção, porque o preço sinalizado pelo governo fica abaixo do custo de produção total. Em plena entressafra, o primeiro leilão já mostrou um resultado de 4% vendido, o que realmente mostra a falta de interesse e, pior, talvez esse indicativo de preço possa trazer, inclusive, um desestímulo ao setor, que vem recuperando uma área que foi perdida. Lembrando que nós já plantamos mais de 1,1 milhão de hectares no Rio Grande do Sul e chegamos a 840 mil há dois anos. Essa leve recuperação, com este movimento de preços baixos e falta de rentabilidade do setor, pode novamente trazer um desestímulo a toda a cadeia do arroz”, alertou.
O dirigente comentou que, “o preço sugerido pelo governo fica para agosto de 2025 em torno de R$ 87,00. Porém com a antecipação para março, o preço fica próximo a R$ 80,00, valor que não paga o custo de produção”, explicou o presidente.
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