*por Frederico Braga, CFO da Omie
Para milhões de pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras, o acesso ao crédito ainda é um desafio diário. Em um cenário de juros altos e burocracia bancária, o PIX parcelado surge como uma nova alternativa para aliviar o caixa e financiar o crescimento de forma simples, digital e imediata.
O movimento é resultado natural da consolidação do PIX, que em poucos anos mudou a forma como o Brasil movimenta dinheiro e se tornou o principal meio de transferência do país, um verdadeiro símbolo da eficiência do sistema financeiro nacional. Segundo o Banco Central, apenas no primeiro semestre de 2025 foram registradas 36,9 bilhões de transações via PIX, um aumento de 27,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. O volume já responde por mais da metade de todas as operações financeiras realizadas no país.
Agora, essa base sólida ganha uma nova camada. O PIX parcelado aproxima ainda mais o crédito do ponto de venda e facilita o acesso das PMEs ao capital de giro, funcionando, na prática, de forma muito similar a um cartão de crédito. Para utilizá-lo, a PME precisará ter um limite pré-aprovado junto à sua instituição financeira ou de pagamento, e a experiência de uso seguirá a jornada definida pelo próprio banco da empresa.
Esse movimento reflete uma tendência clara do mercado. Segundo a pesquisa “Jornada de Crédito: como consumidores e executivos avaliam oportunidades e riscos”, da Matera Insights, 31% dos entrevistados afirmaram ter contratado versões de PIX parcelado, percentual que sobe para 53% quando se considera apenas quem utilizou algum produto de crédito nos últimos dois meses. Esses números mostram que a modalidade já vinha ganhando espaço antes da padronização pelo Banco Central.
O papel dos ERPs na revolução do crédito digital
Por trás dessa revolução há uma infraestrutura poderosa, baseada na integração entre o Open Finance e as plataformas de gestão empresarial. Quando o empreendedor autoriza o compartilhamento de suas informações, os credores passam a enxergar o comportamento real do negócio e não apenas relatórios defasados. Essa visão atualizada permite decisões mais justas e seguras, com base em dados vivos de faturamento e fluxo de caixa.
O Banco Central tem desempenhado papel essencial nessa evolução. Além de criar a infraestrutura do PIX, a autarquia vem reforçando a segurança do sistema com medidas como o botão de contestação e o PIX com garantia, voltado a operações de crédito parceladas. É natural que o mercado comece com prazos curtos e limites conservadores, aprendendo com o comportamento dos tomadores para, em seguida, ganhar maturidade e escala.
Para as PMEs, o potencial impacto é direto. O PIX parcelado pode vir a oferecer mais fôlego financeiro para equilibrar o capital de giro. Quando estiver disponível, e se estiver, a modalidade poderá permitir que o empresário dilua pagamentos maiores sem pressionar o caixa e, possivelmente, receba o valor à vista do outro lado da operação.
Mais do que crédito, o modelo representa inclusão financeira. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o SPC Brasil, o PIX já é o meio de pagamento mais utilizado por 76% dos consumidores brasileiros. Ao operar em um ecossistema aberto, conectado ao Open Finance e aos ERPs, o PIX parcelado alcança empreendedores que, muitas vezes, estão fora do radar dos bancos, mas que têm histórico consistente dentro de suas plataformas de gestão.
No fim, o PIX parcelado é mais do que uma inovação tecnológica, é uma nova forma de pensar o crédito, mais próxima da operação, mais ágil e mais alinhada à realidade das PMEs. Se o PIX transformou a forma de pagar, o parcelado tem tudo para transformar a forma de financiar o crescimento.
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