Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul aborda estratégias para melhorar a alimentação infantil
A recusa alimentar é uma das queixas mais comuns nos consultórios pediátricos. A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) destaca a importância de uma abordagem integral para entender e tratar as causas dessa dificuldade. Para o pediatra Silvio Baptista, é essencial considerar não apenas os aspectos nutricionais, mas também o contexto familiar e o histórico de saúde da criança.
Estatisticamente 25% das queixas “meu filho não come” se traduzem por dificuldades alimentares, podendo o restante ser uma interpretação equivocada da família, quando as crianças não ingerem a qualidade ou volume alimentar desejado pelos pais. Também podem ser resultado da fase de desenvolvimento das crianças ou do intercurso de doenças infantis benignas que apresentam diminuição transitória do apetite.
“É preciso entender todo o histórico dela. Por isso, começamos pela história mais completa possível (anamnese) prestando atenção a detalhes como o período gestacional, a amamentação e a introdução alimentar. Também é importante ver quando a queixa começou, se tem períodos de piora ou melhora, e como a família percebe a situação, o que a criança come com um histórico de pelo menos 1 semana, quem prepara a alimentação, qual a facilidade da família a aquisição de alimentos, quantas crianças na família e se tiveram/têm algum problema alimentar, alergias ou intolerâncias alimentares Em seguida, se faz o exame físico completo buscando sinais que possam revelar algo importante”, bem como investigar o crescimento de peso e estatura da criança, comparando com as médias populacionais e padrão familiar; explica.
A importância dos nutrientes na saúde infantil
A alimentação é uma atividade complexa que envolve a parte social, de desenvolvimento, e da nutrição.
Os nutrientes podem ser divididos em Macronutientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e Micronutrientes (Vitaminas e minerais), que, numa dieta balanceada e saudável, deve prover as necessidades metabólicas das crianças.
A deficiência de alguns nutrientes podem levar as mais diversas consequências, desde falta de desenvolvimento, alteração de pele, unhas e cabelos; até infecções de repetição. Alguns micronutrientes são muito marcantes quando deficientes no organismo das crianças, como ferro, cálcio, vitaminas do complexo B e vitamina D. Todos os micronutrientes e macronutrientes são importantes, mas não existem evidências de que a administração indiscriminada de vitaminas e minerais traga algum benefício, pelo contrário, pode trazer sobrecarga para o rim, por exemplo, ou toxicidade pelo ferro.
Algumas deficiências de micronutrientes podem também levar a alterações de paladar e sua diminuição, bem como infecções de repetição, situações que devem ser investigadas e tratadas, quando necessário, pelo pediatra.
Entendendo as fases alimentares na infância
Entre os 18 e 24 meses, por exemplo, muitas crianças passam por uma fase conhecida como neofobia alimentar em que rejeitam novos sabores e texturas. Segundo o médico, isso é natural e precisa ser explicado aos pais: a velocidade de ganho de peso e estatura nessa fase diminui, então é comum que a criança que antes comia bem comece a reduzir a quantidade ingerida.
Além disso, há crianças seletivas que simplesmente não gostam de certos alimentos, como aquelas que rejeitam “verdinho” no prato, por exemplo. Isso não é necessariamente um problema e faz parte das preferências individuais.
“Quando a seletividade é extrema, prolongada e combinada com outros comportamentos sensoriais, como aversão ao toque, ao barulho, precisamos observar com mais atenção, pois isso pode estar relacionado a questões do desenvolvimento ou comportamentais”, afirma o especialista.
Já os casos mais graves, de fobia alimentar, exigem uma abordagem mais especializada, com apoio multidisciplinar para recuperar esses estágios.
O impacto do estilo parental na alimentação infantil
O comportamento dos pais e cuidadores é fundamental para a formação dos hábitos alimentares das crianças. Existem aqueles que conseguem interpretar bem os sinais de fome dos filhos, oferecendo comida no momento certo, sem pressão, e geralmente não enfrentam problemas nesse aspecto.
Por outro lado, há os pais controladores, que forçam a criança a comer tudo no prato, sem respeitar seus sinais de saciedade. Esses costumam usar chantagem, pressão ou recompensas, criando uma relação tensa com a comida que pode resultar tanto em sobrepeso quanto em rejeição alimentar.
Também temos os pais ansiosos, que correm atrás dos filhos com o prato, permitindo que a criança coma sem rotina, na sala em alguns momentos ou no quarto, prejudicando o desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis.
E, por fim, há os pais negligentes – aqueles que, por desistência ou falta de envolvimento, deixam os filhos sem orientação alimentar, o que pode gerar problemas dificuldade alimentar.
A devida análise do tipo de comportamento parental e infantil, e suas relações, dão indicativo do diagnóstico dos distúrbios/dificuldade alimentares, e de seu manejo, que deve sempre ser individualizado, não tendo um mesmo tipo de tratamento para todos.
Sobre a Sociedade de Pediatria do RS
A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul foi fundada em 25 de junho de 1936 com o nome de Sociedade de Pediatria e Puericultura do Rio Grande do Sul pelo Prof. Raul Moreira e um grupo de médicos precursores da formação pediátrica no Estado. A entidade cresceu e se desenvolveu com o espírito de seus idealizadores, que, preocupados com os avanços da área médica e da própria especialidade, uniram esforços na construção de uma entidade que congregasse os colegas que a cada ano se multiplicavam no atendimento específico da população infantil. Atualmente conta com cerca de 1.750 sócios, e se constitui em orgulho para a classe médica brasileira e, em especial, para a família pediátrica.
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