Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul alerta para os impactos que as mudanças climáticas estão causando na saúde das crianças e adolescentes

16 de março: Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas

As mudanças climáticas estão afetando a disseminação de doenças infecciosas, colocando as populações em maior risco de doenças emergentes e epidemias concomitantes. A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) chama a atenção para uma preocupação que não é recente, mas que veio se agravando ainda mais diante do cenário causado pela pandemia. As mudanças climáticas afetam a condição de saúde das crianças e adolescentes de modo preocupante. A temática esteve presente em dois relatórios recentes: uma nota técnica da Sociedade Brasileira de Pediatria e um Relatório da Unicef: Crianças, adolescentes e mudanças climáticas no Brasil em 2022. 

“O que traz uma preocupação é o número de crianças e adolescentes expostos a riscos tanto em relação a mudanças climáticas como a poluição ambiental que são situações que andam juntas. São mais de 40 milhões nessas condições. Outra preocupação que o relatório da Unicef mostra são crianças com menos de 18 anos de idade, expostas à falta de água, o que significa quase 9 milhões de crianças”, alertou Carlos Augusto Mello da Silva que é professor do curso de especialização em Farmacologia e Toxicologia do Instituto de Toxicologia da PUCRS. Médico do Centro de Informações Toxicológicas / Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CIT / CEVS) do RS. Pediatra com área de atuação em Toxicologia Médica pela SBP e Associação Médica Brasileira (AMB).

Não só em relação ao Brasil, mas a outros países chamados ainda em desenvolvimento, um fator agravante é o fato de que muitas crianças e adolescentes estão abaixo da linha da pobreza. Nas grandes áreas metropolitanas há um número bastante elevado de crianças sem acesso a serviços de saúde e vivendo em ambientes sem condições de saneamento adequado. Outro alerta é o grande número de crianças que vivem nas áreas rurais e que estão expostas a poluição causada pelos pesticidas.

O documento da Unicef destaca que a ausência da infraestrutura e dos serviços públicos necessários para a plena realização dos direitos na infância e na adolescência – escolas, serviços de saúde básica, espaços de assistência e proteção social, espaços de recreação e socialização etc. -, associada ao aumento de eventos climáticos extremos, expõe meninos e meninas desproporcionalmente às mudanças no meio ambiente. Soma-se a isso o fato de os efeitos das crises climáticas serem ainda mais intensamente sentidos pelos mais pobres, que estão menos protegidos pelas políticas públicas. E, no Brasil, crianças e adolescentes são, proporcionalmente, os mais afetados pela miséria em 2019, em comparação com a população de adultos, era quase o dobro a probabilidade de uma criança viver com renda abaixo da linha da pobreza.

Nota técnica da SBP

O tema foi trazido em um trabalho, liderado pelo presidente do Departamento Científico de Toxicologia e Saúde Ambiental (gestão 2022-2024), Carlos Augusto Mello da Silva, baseado no Relatório 2022 Lancet Countdown. O estudo chamou a atenção para os impactos que alterações climáticas têm gerado com repercussões sanitárias, sociais e econômicas, agravadas ainda mais pela pandemia de COVID-19 e pela guerra na Ucrânia. Os efeitos agravantes delas sobre o ser humano têm comprometido a saúde e o bem-estar de todos, sobretudo das populações em condições de maior vulnerabilidade: crianças, idosos e pacientes com doenças crônicas.

A coexistência de surtos de dengue com a pandemia de COVID-19 levou ao aumento da pressão sobre os sistemas de saúde, diagnósticos equivocados e dificuldades no manejo de ambas as doenças em muitas regiões, incluindo América do Sul

O documento mostra que os sistemas globais de saúde foram drasticamente enfraquecidos pelos efeitos da pandemia de COVID-19, e os fundos disponíveis para a ação climática diminuíram em 30% (239/798) das cidades, com os sistemas de saúde sendo cada vez mais afetados por eventos climáticos extremos e interrupções na cadeia de suprimentos.

Mudanças Climáticas e a saúde humana: um problema de todos nós

Departamento Científico de Toxicologia e Saúde Ambiental (gestão 2022-2024)Presidente: Carlos Augusto Mello da Silva (Relator)Secretária: Marilyn Nilsa Esther Urrutia de Pereira (Relatora)Conselho Científico: Camila Carbone Prado, Ligia Veras Gimenez Fruchtengarten,Maria Lucineide Porto Amorim, Rinaldo Fábio Souza TavaresRelator convidado: Dirceu Solé


PlayPress | SPRS – Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul | Redação e coordenação: Marcelo Matusiak | Foto: Freepik

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