Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) alerta sobre impacto da fumaça das queimadas na saúde das crianças

Exposição pode causar problemas cardíacos e neurológicos

A fumaça das queimadas na região sul da Amazônia e em outras partes do Brasil, que tem atingido o Rio Grande do Sul nas últimas semanas, provoca a liberação de partículas que ficam suspensas no ar. Essas partículas, por serem extremamente pequenas, são capazes de penetrar no trato respiratório. Diante desse cenário, o pediatra associado à Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Dr. Sérgio Amantéa, destaca que as crianças, bem como os idosos e pessoas com doenças respiratórias pré-existentes, são mais sensíveis aos efeitos da fumaça.

“Nas crianças, fatores fisiológicos e comportamentais contribuem para isso, visto que elas possuem hábitos sociais de maior exposição ao ar poluído, passando mais tempo em atividades ao ar livre. Além disso, o ar que a criança respira tende a ser mais poluído, devido à diferença de estatura em relação aos adultos. Fisiologicamente, as crianças respiram mais rápido do que os adultos, permitindo uma maior entrada de poluentes, e o trato respiratório infantil está em desenvolvimento, o que as torna mais suscetíveis a danos, devido também a alguns mecanismos de defesa menos eficientes, dependendo da idade”, afirma o pediatra.

Os principais sintomas causados pela exposição à fumaça em crianças são tosse e desconforto respiratório.

“Diversas doenças podem ser desencadeadas pela contaminação com as partículas, e o efeito não se restringe ao trato respiratório. Com frequência, eventos cardíacos e neurológicos têm sido observados em períodos de maior exposição e concentração. A irritação das vias aéreas é o sintoma mais comum, manifestando-se por tosse e desconforto. Como o efeito direto pode comprometer os mecanismos de defesa do trato respiratório, processos infecciosos de vias aéreas superiores e inferiores também têm sido relatados”, pontua Amantéa.

Além disso, Sérgio ressalta medidas preventivas que devem ser adotadas.

“Felizmente, nossa exposição é pontual e temporária, o que minimiza o impacto sobre a saúde. Recomenda-se que atividades físicas intensas não sejam realizadas durante este período em áreas afetadas, pois resultam em maior deposição das partículas nas vias aéreas. É importante que crianças com alergias respiratórias, como asma brônquica e rinite alérgica, mantenham suas medicações preventivas. Caso elas não sejam suficientes para controlar os sintomas, deve-se procurar atendimento médico para ajustar as medicações e doses”, finaliza.

A Secretaria da Saúde do estado também recomenda o uso de máscaras, que ajudam a reduzir a exposição às partículas maiores, especialmente em pessoas com condições crônicas, como pneumopatias, cardiopatias e problemas imunológicos. Além disso, orienta-se o aumento da ingestão de água, para manter as vias respiratórias hidratadas.

 

A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul foi fundada em 25 de junho de 1936 com o nome de Sociedade de Pediatria e Puericultura do Rio Grande do Sul pelo Prof. Raul Moreira e um grupo de médicos precursores da formação pediátrica no Estado. A entidade cresceu e se desenvolveu com o espírito de seus idealizadores, que, preocupados com os avanços da área médica e da própria especialidade, uniram esforços na construção de uma entidade que congregasse os colegas que a cada ano se multiplicavam no atendimento específico da população infantil. Atualmente conta com cerca de 1.750 sócios, e se constitui em orgulho para a classe médica brasileira e, em especial, para a família pediátrica.

PlayPress | SPRS – Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul | Redação: Gabriela Dalmas | Marcelo Roxo Matusiak

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