Educação no trânsito deve começar nas escolas

Em evento da AMRIGS, especialistas em Medicina do Tráfego alertam sobre a importância de conscientizar a sociedade

Nesta terça-feira (25/05), a Associação Médica do Rio Grande do Sul realizou mais uma edição virtual do Ciclo de Palestras AMRIGS, desta vez com o tema “Trânsito no Brasil: uma questão de saúde pública”, alusivo ao movimento Maio Amarelo, campanha de prevenção de acidentes de trânsito. O evento gratuito contou com a mediação do médico especialista em Medicina do Tráfego e vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego do RS (ABRAMET RS), Dr. Ricardo Hegele, e também com a participação dos especialistas em Medicina do Tráfego, Dr. Juarez Molinari e Dr. Fábio Caldana.

Segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o trânsito brasileiro é o quarto mais violento do continente americano e a segunda maior causa de morte externa no Brasil. Ainda de acordo com os dados, cerca de 1,25 milhão de pessoas morrem, no mundo, por ano, em acidentes de trânsito, e metade das vítimas são pedestres, ciclistas e motociclistas. Conforme comentou Hegele, a educação continuada é fundamental para conscientizar a sociedade.

“Necessitamos fazer deslocamentos diários, seja para ir ao trabalho ou atividades de lazer, e já corremos o risco de nos envolver em sinistros de trânsito. A principal vítima do trânsito hoje é o homem na faixa etária de 20 a 29 anos e os principais fatores ainda são o excesso de velocidade e álcool, sem contar o uso de smartphones que hoje contribuem para a distração. É preciso investir mais na educação e na prevenção, pois o código de trânsito brasileiro é bastante educativo e rígido, mas não é seguido”, afirmou.

Os especialistas destacaram a importância da instauração de leis mais rígidas, como a Lei Seca, a do cinto de segurança ou da cadeirinha, que reduziu em torno de 20% o número de mortes de crianças. Novas regras para o uso do capacete, segundo eles, também apresentaram resultados positivos e contribuíram para a redução de mortes no trânsito.

O especialista em Medicina do Tráfego, Dr. Juarez Molinari, reforçou que o compromisso de educar e sensibilizar a sociedade para a problemática do trânsito deve partir de cada um.

“O pediatra pode educar a criança a usar a cadeirinha, por exemplo. Não precisa esperar que o guarda de trânsito faça isso. Todas as especialidades devem estar orientadas para ajudar. Lamentavelmente, os números vão além das estatísticas. Além das mortes, as internações muitas vezes são demoradas e os custos hospitalares e materiais chegam a dezenas de bilhões de reais, eles representam 2% do PIB brasileiro. É necessária uma formação sobre o trânsito desde o início escolar”, alertou.

Para o Dr. Fábio Caldana, especialista em Medicina do Tráfego, a tecnologia já contribuiu para a redução das fatalidades ou para menor gravidade de lesões. Mais do que controlar a velocidade e beneficiar no monitoramento, ela atua de forma direta na segurança e qualidade de vida das pessoas.

“O airbag, por exemplo, até a década de 80 não era um item obrigatório. O encosto de cabeça, capacete e cinto de segurança, por uma questão de normalização, hoje trazem aporte e diminuem consideravelmente o número de óbitos. Os avanços tecnológicos precisam estar alinhados com uma educação no trânsito. Não vamos diminuir os números se não tivermos na escola uma instrução neste sentido”, ressaltou.


Redação: Fernanda Calegaro
Coordenador: Marcelo Matuasiak

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