FIERGS projeta queda na taxa da inflação e crescimento menor da economia em 2022

  • 15 de dezembro de 2021
  • Sol FM

Entidade apresentou o Balanço 2021 e Perspectivas para 2022

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) deverá encerrar 2021 em 10,1% e a expectativa é de uma desaceleração para 5,8% ao final de 2022. Porém, a convergência para o centro da meta de 3,25% só deverá ocorrer em 2023, projeta a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), que apresentou seu Balanço 2021 e Perspectivas 2022, nessa terça-feira (14), de forma on-line. “A inflação foi o tema do ano, tanto pelos seus impactos nos custos de produção, quanto pela deterioração do poder de compra dos consumidores. O comportamento dos índices de preços no início do ano sinalizava um quadro já bem pressionado em alguns segmentos, principalmente por conta dos custos de matérias-primas e dos preços de commodities. Com a maior retomada da atividade, a inflação foi refletindo cada vez mais os diversos gargalos na oferta e o que se vê agora, mais uma vez, é que a base de recuperação para o País será a centralidade na indústria”, disse o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.

Segundo o presidente, diante do atual quadro e apesar do patamar mais alto da taxa de juros, que seguirá em elevação no próximo ano, as expectativas para a inflação e para a taxa de câmbio estão sujeitas a um percurso desafiador em termos de instabilidade macroeconômica, por conta das sinalizações de política fiscal e dos ambientes externo e político.

De acordo com a FIERGS, em análise elaborada pela Unidade de Estudos Econômicos, para 2022 a expectativa é de que a taxa de crescimento do PIB desacelere no Brasil e no Rio Grande do Sul, respondendo tanto aos menores estímulos fiscais – que tiveram parte dos seus efeitos ainda favorecendo a atividade nesse ano – quanto à política monetária bastante contracionista para tentar deter a inflação. A taxa de desemprego elevada e a permanência das interrupções nas cadeias de fornecimento também devem ajudar a diminuir o ritmo de crescimento. Projeta-se um aumento do PIB de 4,6% para o Brasil, em 2021, e 1%, em 2022. Já o Rio Grande do Sul deverá crescer 9,6%, este ano, e 1,6%, no próximo. “Entre os setores, a indústria do Rio Grande do Sul puxa a recuperação, desde agosto de 2020, está 1,5% acima do nível anterior ao da pandemia, enquanto os outros setores vêm paulatinamente tentando se recuperar”, afirmou o economista-chefe da FIERGS, André Nunes de Nunes. Mesmo assim, alertou, em outubro de 2021 a indústria gaúcha ainda produziu 11,6% a menos em relação ao pico ocorrido no mesmo mês de 2013.

Para a FIERGS, a boa expectativa na agropecuária e seus efeitos de transbordamento não será suficiente para compensar uma dinâmica mais fraca dos demais setores. Pesará, nesse caso, contra um crescimento mais robusto, os gargalos nas cadeias de fornecimento e a massa de renda real crescendo em ritmo menor.

O PAPEL DA INDÚSTRIA

Ao final da entrevista, o presidente da FIERGS comentou sobre o papel fundamental da indústria durante esse período de pandemia e da sua importância para a recuperação econômica do Brasil. “Foi a indústria moveleira que trouxe o conforto para o home office. Foi a indústria da construção que possibilitou reformas de ambientes. E o avanço da vacina se deu graças aos cientistas da indústria de medicamentos, dos fabricantes de aplicadores, ampolas, agulhas, e muito mais. Essas máscaras que usamos são produtos industriais. É a indústria do vestuário, a indústria têxtil, que no pior momento de falta desses produtos se uniram”, salientou.

Gilberto Porcello Petry reforçou, ainda, que além de a indústria ser responsável pelo aumento da produtividade agrícola, por meio de máquinas, fertilizantes, biotecnologia, também viabilizou o comércio eletrônico e a logística da entrega de produtos nas residências. “A indústria é feita por pessoas e para pessoas. É o setor que une todos, mesmo a distância”, destacou. Ele lembrou que as fábricas gaúchas não pararam durante a pandemia, e com segurança continuaram produzindo no mínimo a 75% da capacidade e que a FIERGS, por exemplo, foi reconhecida pelo Instituto dos Consumidores como a entidade que mais trabalhou para evitar o desabastecimento para a população.

Inflação em alta, crise de suprimentos e perdas na produção, porém, não preocupam apenas o Brasil. Em nível internacional, explicou o economista André Nunes, o “descasamento” entre oferta e demanda provocou, em 12 meses, até novembro de 2021, elevação de 110% em dólar nas commodities energéticas, e de 165% em fertilizantes. A falta de semicondutores, problema que só deve estar sanado em 2023, causou impacto negativo de 6,5 milhões de unidades na produção mundial de veículos em 2021.


Unidade de Comunicação do Sistema FIERGS

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