Símbolo da mecanização agrícola brasileira, a SLC 65-A, produzida em Horizontina (RS), completa seis décadas e segue despertando memórias e conhecimento no Memorial da Evolução Agrícola
Em 1965, o Brasil vivia um momento decisivo para o futuro da agricultura. No município de Horizontina (RS), nascia a SLC 65-A, primeira colheitadeira automotriz fabricada no país, resultado de um ousado projeto da empresa gaúcha Schneider Logemann & Cia. (SLC). Seis décadas depois, o equipamento pioneiro segue preservado e em exposição no MEA – Memorial da Evolução Agrícola, espaço dedicado à história e às transformações tecnológicas do campo brasileiro.
A SLC 65-A representou um salto industrial e tecnológico inédito no Brasil. Fruto de anos de pesquisa e engenharia reversa, — que envolveu a compra e desmontagem de uma colheitadeira automotriz John Deere modelo 55, para compreender seu funcionamento —, a máquina nacionalizou o conceito de colheita moderna.
Lançada em 5 de novembro de 1965, a 65-A realizava as funções de ceifadeira e trilhadeira, com a grande inovação de ser autopropelida, ou seja, não precisava ser puxada por um trator ou animais. O feito foi extraordinário não apenas pela complexidade técnica do equipamento, mas por ter sido alcançado por uma indústria localizada no interior do Rio Grande do Sul.
A produção da 65-A simboliza o início da mecanização da agricultura brasileira e alçou o município de Horizontina como a capital da evolução agrícola no país.
De uma máquina pioneira à expansão industrial
O impacto da SLC 65-A foi imediato. De apenas uma unidade produzida em 1965, a SLC passou para 12 unidades no ano seguinte e, em poucos anos, fabricava centenas de máquinas. Em 1973, a empresa já vendia mais de mil colheitadeiras por ano, e em 1976, ultrapassava duas mil unidades comercializadas.
O avanço da produção impulsionou o desenvolvimento regional e projetou o nome de Horizontina no cenário nacional. A inovação gaúcha mostrava que o Brasil era capaz de dominar tecnologias de ponta e adaptá-las às realidades do campo.
Anos mais tarde, a SLC deu outro passo visionário ao associar-se à John Deere, líder mundial na fabricação de equipamentos agrícolas. A parceria resultou em um salto de modernização, com a incorporação de novas tecnologias que levaram a indústria de Horizontina a conquistar mais de um terço do mercado brasileiro de colheitadeiras.
A partir daí, as máquinas produzidas na cidade passaram também a ser exportadas para países como Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai, entre outros.
A força da memória e da inovação
No MEA – Memorial da Evolução Agrícola, a SLC 65-A está em exibição como testemunho vivo da transformação do campo. O espaço convida o público a conhecer de perto a trajetória da mecanização agrícola por meio de painéis, peças cenográficas, vídeos e experiências interativas que abordam temas como Ciência Aplicada à Agricultura, Mecanização e Tecnologia e o Avanço da Fronteira Agrícola.
“Celebrar os 60 anos da 65-A é reconhecer o valor da criatividade, da persistência e da visão de futuro que moldaram a história da agricultura brasileira. Cada visitante que conhece a colheitadeira entende que o progresso no campo começou com uma ideia ousada e muito trabalho coletivo”, reforça Karina Muniz Viana, diretora do MEA.
Com o mesmo propósito de preservar a memória e valorizar as pessoas que construíram essa história, o MEA realiza, em 5 de novembro, a abertura da exposição “Memórias da Fábrica”. A mostra celebra a trajetória dos trabalhadores da SLC e sua contribuição para o desenvolvimento econômico, social e cultural da região. Reunindo entrevistas, fotografias, documentos e relatos de quem viveu intensamente o cotidiano fabril, a exposição revela a dimensão humana por trás das grandes transformações industriais.
A iniciativa também convida o público a participar ativamente, compartilhando lembranças, fotografias e objetos que ampliam a narrativa coletiva, tornando visíveis as histórias e experiências que construíram a identidade local.
Serviço
ABERTURA DA EXPOSIÇÃO: “MEMÓRIAS DA FÁBRICA”
Data: 05/11/2025
Horário: 18h30min
Local: Recepção do Memorial
SOBRE O MEA
Todas as atividades do MEA são gratuitas e de classificação livre.
Estacionamento exclusivo para visitantes. Não fecha ao meio dia.
Prédio do Memorial: de quarta a domingo e feriados, das 9h às 17h (entrada na exposição até às 16h30).
Área externa do MEA: de terça a domingo e feriados, das 8h às 22h.
O MEA – Memorial da Evolução Agrícola é uma iniciativa do Ministério da Cultura e do Instituto John Deere, através da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura do Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC), e tem como patrocinador master a John Deere Brasil.
Ocupa uma área de 64 mil m2 em Horizontina, no Rio Grande do Sul, proporcionando atividades de arte, cultura, educação, meio ambiente, esporte e lazer. De forma tecnológica e imersiva, o MEA conta a história da agricultura brasileira com o objetivo de provocar, trocar e produzir conhecimento em prol da sociedade e da diversidade cultural e ambiental. Todas suas atividades culturais, educativas e de bem-estar são oferecidas gratuitamente e de classificação livre. Conta com amplo estacionamento gratuito para os visitantes.
Além do espaço da exposição de longa duração e das oficinas culturais e das sala multiuso, o complexo tem quadras esportivas, academia a céu aberto, parquinhos para crianças de até 12 anos, amplo espaço para práticas ao ar livre, John Deere Store e a unidade Senai Horizontina (RS).
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